Dois Cisnes e uma Cruz: Memória e arte nas lápides da Capela do Cemitério do Santíssimo Sacramento em Oeiras-PI (1860-1940)
memory and art on the tombstones of the Chapel of the Holy Sacrament Cemetery in Oeiras -PI (1860-1940)
DOI:
https://doi.org/10.9789/2525-3050.2024.v9n17.e12679Palabras clave:
Arte Cemiterial, Cemitério do Santíssimo Sacramento, Lápides, Oeiras, PiauíResumen
Propomos analisar as narrativas e as iconografias inscritas nas lápides do interior da capela do Cemitério do Santíssimo Sacramento de Oeiras, no Piauí, como uma possibilidade de conhecer algumas das histórias imbuídas de memórias e sensibilidades vivenciadas por parte daquela sociedade entre os séculos XIX e XX. Os espaços de enterramento, com seus elementos textuais e iconográficos, assemelham-se a tecidos onde foram desenhados, de forma simbólica, aspectos do universo social e das expectativas metafísicas dos homens em seu tempo. Por isso, são objetos que não devem fugir ao olhar do historiador. Ao visitar aquela capela, ainda no ano pandêmico de 2020, foram fotografadas vinte e duas lápides datadas entre 1866 e 1940 que correspondem à totalidade presente no interior do recinto. Gravadas em alto e baixo relevo no mármore branco, em pedra cinza ou mesmo riscadas em cimento, quase sempre apresentam alguma iconografia religiosa, como cruzes latinas ou coroas de flores. Em uma das lousas observamos o desenho raro de dois cisnes unidos por uma cruz. Trata-se de uma lápide peculiar, onde o viúvo fez uso tanto da escrita como da iconografia para construir uma narrativa que também materializou a memória de sua companheira. Por fim, cada lápide é compreendida como prova do cuidado com os mortos, testemunha da saudade e, principalmente, do desejo de escrever histórias para materializar a memória daquela pessoa, o que acaba por registrar os laços familiares, sensíveis e afetivos estabelecidos em vida.
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