Uma epidemia chamada patriarcalismo e suas sequelas: O caso A menina morta
The A menina morta case
DOI :
https://doi.org/10.9789/2525-3050.2021.v6i11.109-127Mots-clés :
Febre amarela, Patriarcalismo, Doença, A menina morta, Cornélio PennaRésumé
O papel da segunda epidemia de febre amarela no Rio de Janeiro no romance A menina morta (1954), de Cornélio Penna (1896-1958), é singular. O episódio, além de sanitário, aglutinou-se à história, à vida social, à política, à economia, à produção cultural e literária. Tal caráter transversal contribui para transformá-lo em um instrumento crítico que ajuda a compreender o livro em questão, sobretudo no que tange ao patriarcalismo. Na medida em que aumenta a possibilidade de o Comendador, proprietário da fazenda na qual se desenvolve a narrativa, ter contraído febre amarela, vemos o sistema representado por ele mais e mais enfraquecido, debilitado. A partir desse quadro, pensamos nesse sistema social, cultural e com desdobramentos econômicos, como uma doença que acomete o país. Enviesamos assim o pensamento de Susan Sontag (1978) – para quem certas doenças são vistas como metáforas –, e o aplicamos ao patriarcalismo, lendo-o como se fosse uma doença, portanto, de forma metafórica.
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