Lili como fantasma: tensionando a cena de interpelação da teoria queer
DOI:
https://doi.org/10.9789/2525-3050.2023.v8n15.e11552Palavras-chave:
Teoria queer, Antropologia da morte, Fantasmas, EspectralidadeResumo
Shaynna Xayuri Morgana, conhecida como Lili, foi uma ativista trans do movimento LGBTQIA+ com atuação histórica na cidade de Cachoeira, Recôncavo da Bahia. Na madrugada do dia 27 de agosto de 2017, Lili foi assassinada com 27 tiros no rosto, em um crime ainda sem resolução judicial. Este artigo busca resgatar parte da observação participante realizada por um dos autores durante o enterro de Lili, bem como uma série de entrevistas com seus amigos, familiares e parceiras de militância política, a fim de tensionar uma concepção chave na Teoria Queer proposta por Judith Butler: a ideia de que uma cena de interpelação normativa mobiliza uma virada crítica do sujeito dissidente de gênero em direção à queeridade. Partimos de como sua morte é percebida por seus amigos e passamos por cenas de seu enterro para construir nosso argumento. A hipótese defendida é que toda cena interpelativa precisa ser compreendida a partir de seu contexto, e que certos chamados conjurados em companhia da violência letal ou de sua promessa podem inviabilizar a identidade queer como uma possibilidade crítica e de identificação política.
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