Lili como fantasma: tensionando a cena de interpelação da teoria queer

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2023.v8n15.e11552

Palabras clave:

Teoria queer, Antropologia da morte, Fantasmas, Espectralidade

Resumen

Shaynna Xayuri Morgana, conhecida como Lili, foi uma ativista trans do movimento LGBTQIA+ com atuação histórica na cidade de Cachoeira, Recôncavo da Bahia. Na madrugada do dia 27 de agosto de 2017, Lili foi assassinada com 27 tiros no rosto, em um crime ainda sem resolução judicial. Este artigo busca resgatar parte da observação participante realizada por um dos autores durante o enterro de Lili, bem como uma série de entrevistas com seus amigos, familiares e parceiras de militância política, a fim de tensionar uma concepção chave na Teoria Queer proposta por Judith Butler: a ideia de que uma cena de interpelação normativa mobiliza uma virada crítica do sujeito dissidente de gênero em direção à queeridade. Partimos de como sua morte é percebida por seus amigos e passamos por cenas de seu enterro para construir nosso argumento. A hipótese defendida é que toda cena interpelativa precisa ser compreendida a partir de seu contexto, e que certos chamados conjurados em companhia da violência letal ou de sua promessa podem inviabilizar a identidade queer como uma possibilidade crítica e de identificação política.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Udinaldo Francisco Souza Junior, Universidade Federal da Bahia (UFBA) – Salvador/BA, Brasil

Doutorando no Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atua como Relator Nacional em Direitos Humanos, nos eixos de racismo, letalidade, criminalização e violência policial, na Plataforma de Brasileira de Direitos Humanos Dhesca Brasil. CV: http://lattes.cnpq.br/6923745952377070

Angela Figueiredo , Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) – Cachoeira/BA, Brasil

Doutora em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), Brasil. É professora do Centro de Artes, Humanidades e Letras e do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Bolsista de Produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). CV: http://lattes.cnpq.br/6332981346537949

Citas

Blanco, M. del P. & Peeren, E. (Org.) (2013). The spectralities reader: ghosts and haunting in contemporary cultural theory. Londres: Bloomsbury Academic.

Butler, J. (2015a). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Butler, J. (2015b). Relatar a si mesmo: Crítica da violência ética. Belo Horizonte: Autêntica.

Butler, J. (2017). A vida psíquica do poder: Teorias da sujeição. Belo Horizonte: Autêntica.

Derrida, J. (1994). Espectros de Marx: o estado da dívida, o trabalho do luto e a nova Internacional. Rio de Janeiro: Relume-Dumará.

Fanon, F. (2008). Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA. https://doi.org/10.7476/9788523212148

Freccero, (2013) Queer Spectralities: Haunting the Past. In: The spectralities reader: ghosts and haunting in contemporary cultural theory. Londres: Bloomsbury Academic.

Louro, G. (2008) Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e a teoria Queer. Belo Horizonte: Autêntica.

Medeiros, F. (2014). Visão e cheiro dos mortos: uma experiência etnográfica no Instituto Médico-Legal. Cadernos de Campo, 23 (23), 77-89. https://www.revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/80081/97136.

Miskolci, R. (2012) Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte: Autêntica.

Mombaça, J. (2017). Gritaram-me aberração: inexistencialismo e fugitividade. In C. de F. Cunha et al. (Org.). Juventude e cidade: a potência do um e do em comum (pp. 210-232). Belo Horizonte: Folium.

Siqueira, G. T. (2017). Uma história de “Cabeluda”: Mulher, mãe e cafetina. [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia].

Souza Júnior, U. F. (2019). A morte e a morte de Shaynna Xayuri Morgana (Lili): necropolíticas queer em Cachoeira – BA. [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia].

Stanley, E. (2011). Near life, queer death: Overkill and ontological capture. Social Text, 29 (2), 1-19. https://doi.org/10.1215/01642472-1259461

Weiss, I. K. (2014). As faces da morte: um estudo antropológico das variadas formas de inumação. Revista Alamedas, 2 (1), 37-50. https://e-revista.unioeste.br/index.php/alamedas/article/view/10137/8165.

Publicado

2023-01-28

Cómo citar

Souza Junior, U. F., & Figueiredo , A. . (2023). Lili como fantasma: tensionando a cena de interpelação da teoria queer. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 8(15). https://doi.org/10.9789/2525-3050.2023.v8n15.e11552