Práticas religiosas no espaço cemiterial: observações sobre o Cemitério do Bonfim

Authors

  • Marcelina das Graças de Almeida Escola de Design, Universidade do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG
  • Julio Cesar de Aguiar Santana Centro de Operações Policiais Militares da Polícia Militar de Minas Gerais.
  • Roberto Fernandes da Silva Secretaria Municipal de Educação. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (SMED)

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2019.v4i8.361-382

Keywords:

Cemitério, Religião, Religiosidade, Devoção, Representação

Abstract

O propósito do artigo é apresentar evidências que permitam a compreensão dos espaços cemiteriais como lugares de manifestação de experiências religiosas diversas. O Cemitério do Bonfim, situado na cidade de Belo Horizonte, no Estado de Minas Gerais, foi escolhido para apontar algumas dessas evidências. Trata-se de uma necrópole inaugurada no final do século XIX, sob a égide da instalação do pensamento republicano enquanto um cemitério laico. A despeito desse caráter, o cemitério foi palco de diversas construções e práticas religiosas, desde sua fundação até a atualidade, perpassadas pelos cultos afro-brasileiros; pela mística católica, por meio do culto ao túmulo do Padre Eustáquio; bem como ponto de referência para adeptos do Espiritismo, por intermédio do túmulo dedicado à memória de Irma de Castro Rocha, a Meimei.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biographies

Marcelina das Graças de Almeida, Escola de Design, Universidade do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG

Doutora em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UEMG). Experiência em administração e docência superior em instituições de ensino superior e fundamental. Docente nos cursos de graduação e pós-graduação da Escola de Design da UEMG. Coordenadora do ASI - Arquivo de Som e Imagem (UEMG). Membro da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC).

Julio Cesar de Aguiar Santana, Centro de Operações Policiais Militares da Polícia Militar de Minas Gerais.

Bacharel e licenciado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Membro da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC). CV:

Roberto Fernandes da Silva, Secretaria Municipal de Educação. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (SMED)

Licenciado em História pelo Centro Universitário Newton Paiva, docente na Rede Municipal de Ensino da Prefeitura de Belo Horizonte.

References

AARÃO Reis. In: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Culturas Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa4987/aarao-reis. Acesso em: 01/10/2019.

ALMEIDA, Juliano Florczak. O curioso caso de Padre Eustáquio: catolicismo, curas e fluxos materiais. Avá Revista de Antropologia. Argentina, Universidade Nacional de Misiones, n. 27, 2015, p. 29-46.

ALMEIDA, Marcelina das Graças de. A cidade e o cemitério: uma experiência em educação patrimonial. In: Revista M. Estudos sobre a morte e o morrer. Rio de Janeiro, vol. 1, n. 1, p. 217-234, jan-jun, 2016. Disponível em: http://www.revistam-unirio.com.br/a-cidade-e-o-cemiterio-uma-experiencia-em-educacao-patrimonial/. Acesso em: 15/09/2019.

ANDRADE, José Vicente de. Padre Eustáquio. Belo Horizonte, Congregação dos SS.CC., 1990. 152p.

ANDRADE JUNIOR, Lourival. Da barraca ao túmulo: Cigana Sebinca Christo e as construções de uma devoção. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008. 284f.

ARIÉS, Philippe. O homem diante da morte. 2ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989. Vol.1. 313p.

ARIÉS, Philippe. O homem diante da morte. 2ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990. Vol. 2. 347p.

ARRIBAS, Célia de Graça. Afinal, espiritismo é religião? A doutrina espírita na formação da diversidade religiosa brasileira. Dissertação (Mestrado em Sociologia), Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2008. 226f.

BARRETO, Abílio. Belo Horizonte: histórica e descritiva – história antiga e história média. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1995. 432p.

BASTIDE, Roger. As religiões africanas no Brasil: contribuição a uma sociologia das interpretações das civilizações. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1960. 567p.

BIRMAN, Patrícia. O que é Umbanda. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985. 108p.

BOTELHO, Jorge. Umbanda – Estudos Básicos. In: Apostila de Estudo - TEDES - Tenda Espírita Divino Espírito Santo. Volta Redonda, RJ, 1982. Disponível em http://tusjb.com.br/templo/apostelivros/literatura1.pdf. Acesso em: 28/09/2019.

BRAZIL, T. K. (org.). SANTANA-JUNIOR, E. F., CASAIS-E-SILVA, L. L. - Raimundo Nina Rodrigues. Projeto Heróis da Saúde na Bahia. Disponível em: http://www.bahiana.edu.br/herois/heroi.aspx?id=MTA=. Acesso em: 01/10/2019.

BUENO, Cléria Bittar. A Doutrina Espírita e as Mulheres. Revista Brasileira de História das Religiões. Ano I, n. 3, jan. 2009. Disponível em:< http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf2/texto%208.pdf> Acesso em: 30/09/2019.

CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1990. 166p.

ELIADE, Mircea e COULIANO, Ioan P. Dicionário das religiões. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 342p.

ELIADE, M. O sagrado e o profano: a essência das religiões. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 191p.

GIUDICE, Patricia. Beato Eustáquio emociona a multidão. In: O Tempo. Belo Horizonte. Disponível em: <https://www.otempo.com.br/cidades/beato-eustaquio-emociona-a-multidao-1.327898> Acesso em 30/09/2019.

Getúlio Vargas. Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós-1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001. Disponível em <https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/biografias/getulio_vargas> Acesso em: 01/10/2019.

HULSELMANS, Venancio. Padre Eustáquio van Lieshout SS.CC.: o Vigário de Poá. Rio de Janeiro, Centro Nacional da Entronização, 1944. 489p.

IGLÉSIAS, Francisco; RIBEIRO, Juscelino Luiz; ASSIS, Luiz Fernandes de e CARVALHO NETO, Menelick de. A Constituinte Mineira de 1891. Revista Brasileira de Estudos Políticos. Belo Horizonte, n. 71, p. 163-245, jul. 1990.

Irmã Benigna, victima de Jesus. Jornal do site. Associação dos Amigos da Irmã Benigna. Disponível em: <http://www.irmabenigna.org.br/site/pt/14> Acesso em: 30/09/2019.

ISAIA, Artur Cesar. Catolicismo versus umbanda: lutas de representação e identidade (senzala delenda est). Revista de Ciências Humanas. Florianópolis, v. 16, n. 24, p. 28-42, 1998. Disponível em:

https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/view/23615/21247. Acesso em: 30/09/2019.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. São Paulo: Lake, 2001. 562p.

LAGES, Sonia Regina Corrêa. Exu, luz e sombras. Uma análise psico-junguiana da linha de Exu na Umbanda. Juiz de Fora: Clio edições eletrônicas, 2003. 80p.

LANA, Vanessa. Bernardo Monteiro. In: CPDOC/FGV Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil.

Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/MONTEIRO,%20Bernardo.pdf> Acesso em: 30/09/2019.

LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004. 715p.

OLIVEIRA, José Henrique Motta. Das macumbas à Umbanda: a construção de uma religião brasileira (1908-1941). Monografia (Licenciatura em História), Centro Universitário Moacyr Streder Bastos, Rio de Janeiro, 2003. 57f.

PINGO, Lisandra Cortez. Uma análise das múltiplas faces de Exu por meios das canções brasileiras: contribuições para reflexões do ensino da cultura da história africana e afro-brasileira na escola. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, 2018. 199f.

REIS, João José. A morte é uma festa. Ritos fúnebres e revolta popular no Brasil no século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. 357p.

RODRIGUES, Claudia. Lugares dos mortos na cidade dos vivos. Tradições e transformações fúnebres no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração, 1997. 276p.

RODRIGUES, Claudia. Nas fronteiras do Além. A secularização da morte no Rio de Janeiro (Séculos XVIII e XIX). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. 390p.

SALGUEIRO, Heliana Angotti (Org.). Cidades capitais do século XIX. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001. 187p.

SALGUEIRO, Heliana Angotti. Engenheiro Aarão Reis. O progresso como missão. Belo Horizonte: Sistema Estadual de Planejamento/Fundação João Pinheiro/Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1997. 288p.

SALGUEIRO, Heliana Angotti. O ecletismo em Minas Gerais. Belo Horizonte 1894-1930. In: FABRIS, Anateresa (org.) Ecletismo na arquitetura brasileira. São Paulo: Nobel, 1987, p. 104-145. 296p.

XAVIER, Francisco Cândido. Mandato de amor. Belo Horizonte: União Espírita Mineira, 1992. 293p.

WILKINSON, Philip. Guia ilustrado Zahar: religiões. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. 352p.

Published

2020-01-30

How to Cite

Almeida, M. das G. de, Santana, J. C. de A., & Silva, R. F. da. (2020). Práticas religiosas no espaço cemiterial: observações sobre o Cemitério do Bonfim. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 4(8), 361–382. https://doi.org/10.9789/2525-3050.2019.v4i8.361-382