Koans, ascese, iluminação e budismo em “A menina de lá”, de Guimarães Rosa: a morte como Passagem, Gesta e Sacramento

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2021.v6n12.e11077

Mots-clés :

Budismo e Morte, João Guimarães Rosa, Transculturação narrativa

Résumé

Em 1996, em uma de suas raras entrevistas, Guimarães Rosa enfatiza a importância da decifração de “A menina de lá” como fonte para iluminar o restante de sua obra. A crítica rosiana menciona, amiúde, o empréstimo transculturado que Rosa faz de textos poéticos, filosóficos e religiosos pertencentes ao patrimônio da humanidade. Esse artigo parte da premissa de que “A menina de lá” está escrito sob forma de um polissêmico koan, no qual se medita sobre o significado da morte em culturas asiáticas. Busca-se rastrear a convergência, por meio de desdobramentos especulares, entre a protagonista Nhinhinha e esse outro personagem de ficção narrativa, qual seja, João Guimarães Rosa. Para tanto, parte-se da história e das características próprias ao gênero literário “koan” e de aspectos da tradição budista, para interpretar um feixe de traços religiosos que simbolicamente marcam os demais personagens. Em última instância, este estudo destina-se a desentranhar elementos para interpretação do último capítulo aberto em koan por Rosa: sua enigmática morte ocorrida três dias depois da posse na Academia Brasileira de Letras.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Bibliographies de l'auteur

Marcelo Marinho, Universidade Federal da Integração Latino-Americana

Doutor em Literatura Geral e Comparada pela Sorbonne-Nouvelle (Université de Paris III). Professor do Programa de Mestrado em Literatura Comparada da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. CV: http://lattes.cnpq.br/5486346664187819.

Mirian Santos Ribeiro de Oliveira, Universidade Federal da Integração Latino-Americana

Doutora em Sociologia pela Universidade de São Paulo. Professora de História da Ásia na Universidade Federal da Integração Latino-Americana, atuando como Docente do Programa de Pós-Graduação em História. CV: http://lattes.cnpq.br/0857293600153232

Références

Almino, J. (2018, julho a setembro). Guimarães Rosa, do Sertão às fronteiras (Conferência pronunciada na Academia Brasileira de Letras em 20 de março de 2018). Revista Brasileira, (IX) 96, 19-36. Disponível em: http://www.academia.org.br/sites/default/files/publicacoes/arquivos/revista_brasileira_096_internet.pdf. Acesso em: 12 mar. 2020.

Ariès, P. (2003). A história da morte no ocidente: da idade média aos nossos dias. Rio de Janeiro: Ediouro.

Barros, B. M. (2014). A existência ilusória do diabo em Grande sertão veredas: rastros budistas na obra de João Guimarães Rosa. [Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul]. Disponível em: http://repositorio.pucrs.br/dspace/handle/10923/5740#preview. Acesso em: 06 nov. 2019.

Barros, B. M. (2016). Buda entre buritis: presença de elementos budistas em “Minha Gente”. Em Tese, (22) 1, 31-40. Disponível em: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/emtese/article/view/10293/9732. Acesso em: 06 nov. 2019.

Barros, B. M. (2018). Buda na cor de Rosa: vestígios de um príncipe indiano em três obras de João Guimarães Rosa. Entrelaces, (1) 13, 54-69. Disponível em: http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/38499. Acesso em: 06 nov. 2019.

Blum, M. L. (2009). Collective Suicide at the Funeral of Jitsunyo: Mimesis or Solidarity? In J. I. Stone & M. N. Walter (Eds.). Death and the Afterlife in Japanese Buddhism (pp. 137-174) Honolulu: University of Hawai’i Press.

Buswell, R. E & Lopez, D. S. (2014). The Princeton dictionary of Buddhism. New Jersey: Princeton University Press.

Campos, H. et alli. (2011). O Mundo de Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Castro, G. & Marinho, M. (2021). Espiritualidade afro-brasileira em “O recado do morro”, de Guimarães Rosa: imaginário e glossário da Umbanda. Macabéa, 10 (2), 33-53. Disponível em: http://periodicos.urca.br/ojs/index.php/MacREN/issue/view/133/showToc. Acesso em: 04 nov. 2021.

Cavalcante, M. N. B. (1996). Cadernetas de viagem: os caminhos da poesia. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 41, 235-47. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rieb/article/download/73415/77155. Acesso em: 12 mar. 2020.

Eberhard, W. A. (1986). Dictionary of Chinese Symbols: Hidden Symbols in Chinese Life and Thought. London: Routledge.

Fireman, A. L. A. (1999). Transculturação narrativa no conto roseano “A menina de lá”: diálogo entre culturas e poetização das vozes abafadas. Leitura - Literatura e Sociedade, 24, 127-140. Disponível em: http://seer.ufal.br/index.php/revistaleitura/article/viewFile/7588/5310. Acesso em: 12 mar. 2020.

Foulk, T. G. (2000). The Form and Function of Koan Literature: A Historical Overview. In S. Heine & D. S. Wright (Eds.) The Koan: Texts and Contexts in Zen Buddhism (pp. 15-45). New York: Oxford University Press.

Guarania, F. (2014). Dicionario Ñe’ẽryru. Guaraní-Castellano. Assunção: Servilibro.

Heine, S & Wright, D.S. (2000). Koan Tradition: Self-Narrative and Contemporary Perspectives. In S. Heine & D. S. Wright (Eds.) The Koan: Texts and Contexts in Zen Buddhism (pp. 3-14). New York: Oxford University Press.

Houaiss, A. & Villar, M. S. (2001). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa [versão eletrônica]. Rio de Janeiro: Objetiva.

Kraft, K. (2017, 6 de dezembro). Full Moon Zen. Huffpost. Disponível em: https://www.huffpost.com/entry/full-moon-zen_b_9801342. Acesso em: 14 jan. 2020.

Nègre, X. (2002-2019). Lexilogos [on-line]. Disponível em: http://www.lexilogos.com. Acesso em: 17 mar. 2020.

Maciel, J. & Marinho, M. (2021). Teotopias poéticas do Brasil profundo: a mistagogia da novilha pitanga em “Sequência”, de João Guimarães Rosa. Teoliterária, 11 (24), 296-324. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/teoliteraria/article/view/52970. Acesso em 04 nov. 2021.

Marchioro, C. (2019). “A Rosa da palavra”: meditação nas Primeiras estórias. O Eixo e a Roda, 28 (1), 91-120. Disponível em: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/o_eixo_ea_roda/article/view/13492. Acesso em: 06 nov. 2019.

Marinho, M. (2001). GRND SRT~: vertigens de um enigma. Campo Grande: UCDB/Letra Livre.

Marinho, M. (2003). João Guimarães Rosa. Paris: L’Harmattan.

Marinho, M. (2008). O desaparecimento prematuro de Guimarães Rosa: enigma ou enredo? Cultura Crítica, 7, 50-54. Disponível em: https://www.apropucsp.org.br/revista-cultura-critica. Acesso em: 04 nov. 2021.

Marinho, M. (2012, maio). João Guimarães Rosa, “autobiografia irracional” e crítica literária: veredas da oratura. Letras de Hoje, 47 (2), 186-193. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/11315. Acesso em: 04 nov. 2021.

Marinho, M. & Maciel, J. (2021, fevereiro). O Grande Baile do Corpo Hospitaleiro em João Guimarães Rosa. Revista África e Africanidades, 37, 87-106. Disponível em: https://africaeafricanidades.online/documentos/Dossie_Tematico_Literaturas_e_Linguagens_ed.37.pdf#page=87. Acesso em 04 nov. 2021.

Marinho, M. & Silva, D. (2019, dezembro). “Desenredo”, de João Guimarães Rosa - prosoema, metapoesia, necrológio prévio ou “autobiografia irracional”? Remate de Males, 39 (2), 799-829. Disponível em: https://doi.org/10.20396/remate.v39i2.8655681. Acesso em: 04 nov. 2021.

Marinho, M. & Silva, D. (2019, março). Anastasia e pervivência em João Guimarães Rosa: Vita brevis, Ars longa. O Eixo e a Roda, 28 (1), 253-281. Disponível em: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/o_eixo_ea_roda/article/view/13411. Acesso em: 19 nov. 2021.

Marinho, M. & Silva, D. (2020). De Ramayana a Sagarana: a “Bela Morte” em João Guimarães Rosa. Terceira Margem, 24 (42), 8-28. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/tm/article/view/30897. Acesso em: 04 nov. 2021.

Mcrae, J. R. (2000). The Antecedents of Encounter Dialogue in Chinese Ch’an Buddhism. In S. Heine & D. S. Wright (Eds.) The Koan: Texts and Contexts in Zen Buddhism (pp. 46-74). New York: Oxford University Press.

Mishra, P. (2004). Turning the Wheel. In P. Mishra. An end to suffering: The Buddha in the World (pp. 187-213). Gurgaon: Penguin Random House India.

Montello, J. (1998). Diário completo. Rio de Janeiro: Nova Aguilar.

Poceski, M. (2012). Introdução às religiões chinesas. São Paulo: Editora Unesp.

Real Academia Española. (2020). Diccionario de la lengua española (23.ª ed) [versión en línea]. Disponível em: https://dle.rae.es. Acesso em: 12 mar. 2020.

Reis-Habito, M. (1996). Maria-Kannon: Mary, Mother of God, in Buddhist Guise. Marian Studies, 47 (1), 50-64. Disponível em: https://ecommons.udayton.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1469&context=marian_studies. Acesso em: 25 mar. 2020.

Rosa, J. G. (n. d). 24 cartas de João Guimarães Rosa a Antônio Azeredo da Silveira. S. l.: Éditions FAdS, n. d. Disponível em: http://www.editionsfads.ch/pdf/layout_24_cartas.pdf. Acesso em: 12 mar. 2020.

Rosa, J. G. (1997). Magma. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Rosa, J. G. (1968). O Verbo e o Logos (Discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, pronunciado em 16 de novembro de 1967). In J. G. Rosa et al. Em memória de Guimarães Rosa (pp. 55-87) Rio de Janeiro: José Olympio.

Rosa, J. G. (1970). Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Rosa, J. G. (1985). Tutaméia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Rosa, J. G. (1988). Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Rosa, J. G. (1993). Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Rosa, J. G. (2003a). Correspondência com seu tradutor alemão (Curt Meyer-Clason). Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Rosa, J. G. (2003b). Correspondência com seu tradutor italiano (Edoardo Bizzarri). Belo Horizonte: Editora UFMG.

Rosa, J. G. & Camacho, F. (1978). Entrevista com João Guimarães Rosa. Humboldt, 18 (37), 42-53. Disponível em: http://www.elfikurten.com.br/2016/05/joao-guimaraes-rosa-entrevistado-por.html. Acesso em: 2 abr. 2020.

Silva, D. & Vilar, F. (2017). Guimarães Rosa “Ad immortalitatem”: la mort et l'immortalité dans “Le verbe et le logos”. Nonada, 29 (2), 76-88. Disponível em: https://seer.uniritter.edu.br/index.php?journal=nonada&page=article&op=view&path%5B%5D=1588. Acesso em: 18 mar. 2020.

Utéza, F. (1994). João Guimarães Rosa: Metafísica do Grande Sertão. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.

Téléchargements

Publiée

2021-12-29

Comment citer

Marinho, M., & Oliveira, M. S. R. de. (2021). Koans, ascese, iluminação e budismo em “A menina de lá”, de Guimarães Rosa: a morte como Passagem, Gesta e Sacramento. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 6(12), 416–441. https://doi.org/10.9789/2525-3050.2021.v6n12.e11077