Morrer nos cárceres do Santo Ofício
DOI:
https://doi.org/10.9789/2525-3050.2021.v6n12.e11451Palavras-chave:
Inquisição, Cárcere, Heresia, Condenação à morte, Morte pela InquisiçãoResumo
O artigo tem como propósito levantar alguns aspectos do cotidiano dos cárceres dos Tribunais do Santo Ofício português, entre os séculos XVII e meados do XVIII, explorando as condições de degradação física e emocional a que os réus foram submetidos, levando à morte nas prisões, por doenças ou suicídio. Contudo, mais do que meros locais de guarda dos condenados enquanto aguardavam sua sentença final, os cárceres tiveram outros tantos significados, sendo espaço de difusão de condutas heréticas com as quais a Inquisição lidou, e ainda local onde se vivenciava cotidianamente o medo que o Tribunal inquisitorial inspirou: o flagelo da incerteza da volta à vida; as condições precárias de existência; o enfrentamento de doenças físicas e mazelas emocionais; a angústia das sessões de tormento, e a iminência da morte.
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