ENFERMEIRO EM MORADIAS INSERIDAS EM INSTITUIÇÕES PSIQUIÁTRICAS

Autores

  • Isis Vieira Mendonça UNIRIO - EEAP
  • Amanda Nunes Oliveira UNIRIO - EEAP
  • Suelen Veras Gomes UNIRIO - EEAP
  • Tulani Pinheiro Rangel UNIRIO - EEAP
  • Rosâne Mello UNIRIO - EEAP

DOI:

https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25p

Palavras-chave:

Saúde Mental, Enfermagem, Serviços de Saúde Mental.

Resumo

INTRODUÇÃO

                O presente estudo foi elaborado por acadêmicas do 5º período do curso de graduação em Enfermagem, compondo o conjunto de atividades e avaliações teórico-práticas da disciplina de Enfermagem na Atenção em Psiquiatria, oferecida pelo Departamento de Enfermagem Médico Cirúrgico da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO. A escolha do presente tema ocorreu em virtude da vivência durante o período de ensino prático, onde convivemos com a realidade de uma moradia inserida no espaço de uma Instituição Psiquiátrica, localizada no Estado do Rio de Janeiro. O período da referida experiência compreendeu-se do dia 09 de novembro de 2009 a 07 de dezembro de 2009. Vale destacar que tal moradia não pode ser considerada uma residência terapêutica (RT) devido a diversos aspectos, estes serão expostos no decorrer do estudo.

 

OBJETIVO

Discutir acerca da relevância de enfermeiros no referido setor, a luz do referencial teórico de Peplau.

 

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa e o método escolhido foi revisão bibliográfica. A população da moradia em questão até a conclusão deste estudo era composta por 18 moradores. E a equipe desta moradia implantada no espaço institucional é formada por dois cuidadores e dois técnicos de enfermagem em dois turnos, além de um psicólogo e uma enfermeira, sendo essa responsável pelas sete moradias contidas na instituição.                

 

DISCUSSÃO

                No modelo hospitalocêntrico, o isolamento institucional se tornou a solução para muitas famílias se livrarem de “um problema”, afastando-se do doente e abstendo-se das responsabilidades pelo mesmo. (BRASIL, 2005). Nesse processo de reclusão social em manicômios, os indivíduos perdiam o poder de escolha sobre suas próprias vidas e sua civilidade. Após tantos anos de institucionalização, a proposta das RTs, bem como da moradia em questão é a busca pela autonomia do indivíduo, a fim de promover a reinserção do mesmo à sociedade. (BRASIL, 2000).

                Na área de saúde mental, a enfermagem atua de forma diferenciada, não devendo limitar-se ao domínio das técnicas, pois os pacientes assistidos demandam uma atenção especializada. Diante de tal realidade surgiram alguns questionamentos acerca de qual seria o espaço e o valor do Enfermeiro nas Moradias Seguras, esta foge aos aspectos de RT por diversos motivos, dentre eles, destacam-se o fato dela estar inserida no espaço de um hospital psiquiátrico, enquanto a RT localiza-se no espaço urbano. Além disso, a moradia em questão possuía uma população de 18 indivíduos, sendo a capacidade ideal de uma RT de 1 a 8 moradores.

Vale ressaltar ainda que foi observado que os moradores tinham horários delimitados para refeições, a maioria não podia sair do espaço hospitalar sem acompanhantes e os moradores não possuíam posse de seus documentos e dinheiro. Logo era uma autonomia muito limitada, na RT os moradores possuem mais liberdade e autonomia sobre suas vidas.  O espaço do enfermeiro encontrado nas Moradias Seguras foi exercendo, primordialmente, a função de administrador, responsável por marcações de consultas e nas funções de maior complexidade, como contenção de moradores em crise. Deparamo-nos com uma Enfermeira sobrecarregada, responsável por sete moradias, das quais, uma demanda atenção especial por se tratar da residência de maior população e com grande debilidade dos moradores, e com um espaço de atuação limitado.

          Na literatura atual, há forte exaltação da relação terapêutica ou de ajuda como papel principal do Enfermeiro em Psiquiatria, o papel da enfermeira psiquiátrica, graças aos esforços de Peplau evoluiu dos cuidados físicos ao paciente, exclusivamente para o de competência no relacionamento interpessoal. (PEPLAU, 1966). Para manter uma relação de ajuda, o enfermeiro deveria manter um contato mais direto com o cliente e ter uma formação adequada. Entretanto, na História da Enfermagem Brasileira, encontramos grande contingencial destes Profissionais exercendo funções de âmbito administrativo, deixando de lado o elemento principal de sua formação, além de não haver uma especialização adequada para atuação na área de Saúde Mental. (SULLIVAN , 1953).

A enfermeira pode desempenhar vários subpapéis, os quais podem ser percebidos na saúde mental, expandindo-se ao contexto das residências terapêuticas. Ao atender as necessidades básicas do indivíduo relacionadas com o papel materno, estará assim desempenhando o subpapel de mãe substituta. A Enfermeira estará desenvolvendo o subpapel de administradora quando supervisiona a equipe e maneja o ambiente, a fim de torná-lo mais confortável. Ao oferecer apoio e orientação estará exercendo o subpapel de Instrutora de saúde.

Ao promover uma relação interpessoal com os moradores, fazer com que adquiram consciência de suas obrigações e restrições na moradia e tentando encontrar uma forma que o faça se adaptar a situações que antes lhe parecia difícil, o Enfermeiro estará exercendo o subpapel de conselheira ou psicoterapeuta. Na função de técnica, a Enfermeira exercerá procedimentos técnicos, com competência, eficiência e máxima exatidão. Já no subpapel de agente socializante, o profissional desempenhará a função de promover a interação entre os moradores, dos moradores com toda a equipe multiprofissional e destes com suas famílias.

Contudo, a realidade encontrada durante a vivência na moradia em questão mostrou-se bem distante do ideal de enfermagem psiquiátrica descrito na literatura. O contato direto do enfermeiro com o paciente era dificultado pela falta de profissionais, o que por sua vez impossibilitava o estabelecimento de relações terapêuticas eficazes.

 

CONCLUSÃO

Ao concluirmos este estudo, com base na análise de diversas produções científicas somadas a vivência em campo de ensino prático, foi possível tecer algumas considerações, como: a importância e necessidade da supervisão de Enfermagem e a implementação da educação continuada junto à equipe multidisciplinar; necessidade de inserção de um enfermeiro no cotidiano das Moradias Seguras, onde esta poderá desempenhar os subpapéis descritos por Peplau, possibilitando assim, o estabelecimento de relações terapêuticas.          Consideramos necessário também, a inserção de um Enfermeiro no cotidiano da moradia, para que assim possa ser estabelecido um contato mais direto com os moradores, tornando possível o estabelecimento de Relações Terapêuticas favoráveis e eficazes para enfermeiro e cliente.             

 

REFERÊNCIAS

1. Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Brasília: Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental : 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. 

2. Brasil, Ministério da Saúde, Ministério da Saúde. Portaria GM nº. 106, de 11 de fevereiro de 2000. Brasília: MS; 2000. 

3. PEPLAU, H. Interpersonal Techniques: The Crux of Psychiatric Nursing. Dubuque, Iowa: WM. C. Brown Company Publishe, 2. ed. 1966. p. 127-134.

4. SULLIVAN H. S. The Interpersonal Theory of Psychiatry. New York: Norton, 1953.

 

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Publicado

2010-12-14

Como Citar

1.
Mendonça IV, Oliveira AN, Gomes SV, Rangel TP, Mello R. ENFERMEIRO EM MORADIAS INSERIDAS EM INSTITUIÇÕES PSIQUIÁTRICAS. Rev. Pesqui. (Univ. Fed. Estado Rio J., Online) [Internet]. 14º de dezembro de 2010 [citado 24º de dezembro de 2024];. Disponível em: https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1079

Edição

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