MULHERES NA MARINHA: O PROCESSO DE FORMAÇÃO DA PRIMEIRA TURMA DE OFICIAIS ENFERMEIRAS, 1981.
DOI:
https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25pPalabras clave:
História da Enfermagem, Enfermagem militarResumen
MULHERES NA MARINHA: O PROCESSO DE FORMAÇÃO DA PRIMEIRA TURMA DE OFICIAIS ENFERMEIRAS, 1981
Ana Paula Carvalho Orichio1
Tânia Cristina Franco Santos2
Palavras chaves: História da Enfermagem, Enfermagem militar.
RESUMO
INTRODUÇAO: Durante as três últimas décadas do século XX a maior parte das Forças Armadas pertencentes às democracias ocidentais abriu as suas fileiras à participação feminina. Países como a Dinamarca (1946) , França e Canadá (1951) já apresentavam mulheres militares integradas ao seu efetivo. No Brasil, a Marinha do Brasil foi a primeira entre as Forças Armadas do país, a permitir/admitir o ingresso de mulheres como militares em seus corpos e quadros, no início da década de 1980. Este ineditismo inaugural ocorreu num contexto histórico de transição democrática do país, após o domínio militar no cenário político nacional.
OBJETO: Este estudo tem como objeto o processo de seleção, recrutamento e formação militar das enfermeiras que compuseram a turma pioneira do Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha (CAFRM). O marco inicial é o ano de 1980, que corresponde à criação do CAFRM pelo Almirante Maximiano da Fonseca, Ministro da Marinha à época. O marco final é o ano de 1981, que representa à formatura da turma pioneira de mulheres da Marinha do Brasil.
OBJETIVOS: Descrever as circunstâncias que determinaram a criação do Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha, em 1980, pelo Almirante Maximiano da Fonseca; e analisar o processo de incorporação do habitus militar durante o curso de formação das enfermeiras aprovadas no concurso do Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha, em 1981.
METODOLOGIA: Trata-se de um estudo histórico-social, cujas fontes primárias estão constituídas de documentos escritos e fotográficos pertencentes aos arquivos pessoais de algumas militares que compuseram a primeira turma e que disponibilizaram tal acervo, e aos arquivos do Serviço de Documentação da Marinha. Os dados após organização, contextualização e classificação, foram analisados com base nos conceitos de habitus, capital simbólico e poder simbólico de Pierre Bourdieu.
RESULTADOS: O CAFRM foi criado durante o processo de reabertura política do Brasil após o período da ditadura militar. Foi criado para suprir a Marinha com Oficiais e Praças da Reserva para o exercício de funções técnicas e administrativas em Organizações Militares (OM), em terra, mediante convocação para o Serviço Ativo. A criação do Hospital Naval Marcílio Dias, como centro de referência em saúde da Marinha do Brasil, ensejou na necessidade de recrutamento de pessoal, principalmente para a área da saúde, a fim de comporem as equipes técnicas do novo hospital. O curso de formação teve duração de quatro meses e culminou com a formatura militar no Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes, com a presença de inúmeras autoridades civis e militares. CONCLUSÕES: O estudo evidenciou que o processo de recrutamento e seleção de mulheres enfermeiras para comporem o Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha constitui em estratagema do Governo para abrandar a imagem dos militares, desgastada por anos de ditadura; bem como configurou-se em importante recurso utilizado pela Marinha do Brasil para recrutar profissionais, com baixo ônus a fim de comporem as equipes de saúde para garantirem o funcionamento do novo Hospital Naval Marcílio Dias. Outrossim, evidenciou-se que o Curso de Formação de Oficiais traduziu-se em estratégia para a inculcação do habitus militar ao tempo que introjetou comportamentos, atitudes e pensamentos durante todo o período de formação e internalizou a postura militar a partir do ritual de passagem celebrado no ato da formatura militar e da imposição da patente de segundo tenente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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5- ORICHIO, A.P. C. Unidade Integrada de Saúde Mental da Marinha do Brasil: um espaço de luta da enfermagem militar (1982-1989). Dissertação de Mestrado – EEAN/UFRJ, 2006.
1 Doutoranda em Enfermagem pela EEAN/UFRJ. Capitão-de-Corveta, Enfermeira da Marinha do Brasil. Coordenadora do Curso de Enfermagem da Universidade Castelo Branco. Membro do Grupo de Pesquisa NUPHEBRAS/EEAN/UFRJ. E-mail: anaorichio@gmail.com.
2 Pós-doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Fundamental da EEAN/UFRJ. Membro do Grupo de Pesquisa NUPHEBRAS/EEAN/UFRJ. E-mail: taniacristinafsc@terra.com.br.
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