APARELHAGEM DA IMAGEM PÚBLICA DA ENFERMEIRA NA REVISTA DA SEMANA(1916-1924)

Autores

  • Thaís Ferreira Rodrigues UNIRIO
  • Fernando Rocha Porto Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  • Almerinda Moreira Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25p

Palavras-chave:

enfermagem, história da enfermagem

Resumo

APARELHAGEM DA IMAGEM PÚBLICA DA ENFERMEIRA NA REVISTA DA SEMANA(1916-1924)

 

Thaís Ferreira Rodrigues(Bolsista IC/UNIRIO); Fernando Rocha Porto (Orientador-Escola de Enfermagem Alfredo Pinto ;UNIRIO); Prof. Dra. Almerinda Moreira (Orientador-Escola de Enfermagem Alfredo Pinto; UNIRIO).

Agência Financiadora: UNIRIO

Descritores: Enfermagem, História da Enfermagem

INTRODUÇÃO: O estudo tem como objeto a aparelhagem da imagem pública da enfermeira ou nela inspirada. A delimitação temporal abrange o período compreendido entre 1916 e 1924. O marco inicial, 1916, justifica-se por ter sido veiculada na imprensa ilustrada duas imagens, em uma mesma reportagem, e, o marco final, em 1924, por ter sido veiculada uma imagem de D. Anna Nery. O período a ser estudado tem como antecedentes a história do Brasil no início do período republicano, que foi marcado por grande instabilidade política de difícil situação econômica dos pobres e a insatisfação com o domínio das oligarquias, os quais geraram vários movimentos populares. O contexto político-social do estudo envolverá a inserção do país na I Guerra Mundial (1914-1918), a Gripe Espanhola(1918), a Reforma Sanitária liderada por Carlos Chagas(1920), o I Centenário de Independência do Brasil(1922), o Congresso Nacional dos Práticos(1922) e o I Congresso Internacional Feminista do Brasil(1922). Na história da enfermagem, o início foi marcado pela profissionalização da enfermagem, através da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras da Assistência a Alienados em 1890, criada pelo Decreto 791, atual Escola de Enfermagem Alfredo Pinto. O contexto envolverá a criação de três escolas de enfermagem no Rio de Janeiro, sendo elas: Escola Prática de Enfermeiras da Cruz Vermelha Brasileira(1916), Escola Profissional de Enfermeiras Alfredo Pinto(1920) ( seção feminina da Escola Profissional de Enfermeiros da Assistência a Alienados) e a Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública(1922) que, em 1931, passa a ser denominada de Escola de Enfermeiras Anna Nery, atual Escola de Enfermagem Ana Nery. Ademais, o contexto foi balizado por diversos aspectos legais, entre eles, para a Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras da Assistência a Alienados com a Portaria de número 1/1921 pelo “Regimento Interno da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras” no sentido de desdobramento da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras da Assistência a Alienados, em 1926 com a alteração do capítulo II do Regimento Interno de 1921 e o Decreto número 17.805/1927 que aprovava o novo regulamento para execução dos serviços a Psicopatas do Distrito Federal. Para a Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública o Decreto número 15.799/1922 destinado a sua criação, o Decreto número 17.268/1931 que passou a designar o nome desta escola para Escola de Enfermeiras Anna Nery e o Decreto número 20.109/1931, que determinou como instituição padrão oficial para o ensino na enfermagem brasileira.

METODOLOGIA: O estudo é do tipo histórico-exploratório no sentido de aproximação da temática para se ter familiaridade em relação ao fenômeno. As imagens são oriundas da Revista da Semana. Cabe ressaltar que as imagens foram classificadas e descritas com base em uma matriz de análise para iconografia, confeccionada com base teórica na semiótica dos conceitos de plano de expressão e conteúdo. A matriz de análise é composta de quatro itens principais. O primeiro item com os dados de identificação das iconografias, o segundo sobre o plano de expressão, o terceiro destinada ao plano de conteúdo e o último com dados complementares obtidos de outras iconografias.

OBJETIVO: Aparelhar as imagens no formato de um portfólio

RESULTADOS: A quantificação total das imagens do período estudado foi 96, sendo esses dados dispostos através de uma tabela e um gráfico. Através destes, pode-se observar que, no período de 1916-1924, o ano com maior veiculação de imagens de enfermeiras ou nela inspiradas foi 1917, totalizando 28 imagens. Dois fatores podem ter contribuído para o ano de 1917 ter o maior quantitativo de imagens veiculadas na Revista da Semana. Muitas imagens veiculadas nesse ano apresentaram o nome da Cruz Vermelha no título ou na legenda, ou apresentam enfermeiras, cujos uniformes apresentam elementos característicos desta instituição, como: véu com cruz na região frontal da cabeça e braçal. Isto conduz a inferência que, essas imagens foram veiculadas como uma forma de divulgação da Escola Prática de Enfermeiras da Cruz Vermelha, criada em 1916, caracterizando o primeiro fator que contribuiu para o maior quantitativo de imagens em 1917. O segundo fator foi o anúncio do envolvimento da Brasil na I Guerra Mundial (03/10/1917), pois no ano de 1917 algumas imagens de enfermeiras são associadas à I Guerra Mundial. As imagens também foram classificadas de acordo com seus eixos temáticos. Em relação aos eixos temáticos podemos destacar Ritos Institucionais com o maior número de imagens e a Gripe Espanhola com a menor quantidade de imagens. Dentre os Ritos Institucionais, pode-se destacar as formaturas promovidas pelas Escolas de Enfermagem ao término do curso. Através dos seus ritos institucionais as Escolas de Enfermagem passavam a imagem de enfermeira que desejavam para a sociedade. Em relação à Gripe Espanhola, pode-se destacar que no Brasil a epidemia também foi um episódio marcante, tendo destaque conferido ao assunto pela imprensa fluminense. Apesar do destaque oferecido pela imprensa à Gripe Espanhola, na Revista da Semana foi encontrada apenas 1 imagem associada à imagem da enfermeira. Inferir-se que a pouca visibilidade da enfermeira nesta epidemia na Revista da Semana, ocorreu em virtude da linha editorial da revista, que tinha como característica proporcionar uma leitura leve para as mulheres, não sendo interessante veicular imagem dessa natureza.

CONCLUSÃO: Mediante o exposto, pode-se inferir que a veiculação de imagens de enfermeiras na Revista da Semana colabora na construção da identidade da enfermeira brasileira, em especial dos ritos institucionais, por meio dos uniformes que cada escola apresentava no período para a sociedade. Além disso, também, foi possível observar que, o contexto histórico influencia e interfere no quantitativo de imagens de enfermeiras ou nela inspiradas veiculadas na Revista da Semana.

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Biografia do Autor

Thaís Ferreira Rodrigues, UNIRIO

Fernando Rocha Porto, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Almerinda Moreira, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

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Publicado

2010-10-21

Como Citar

1.
Rodrigues TF, Porto FR, Moreira A. APARELHAGEM DA IMAGEM PÚBLICA DA ENFERMEIRA NA REVISTA DA SEMANA(1916-1924). Rev. Pesqui. (Univ. Fed. Estado Rio J., Online) [Internet]. 21º de outubro de 2010 [citado 22º de dezembro de 2024];. Disponível em: https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/818

Edição

Seção

Revisão Sistemática de Literatura

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