AS CONDIÇÕES DE TRABALHO E SUA RELAÇÃO COM A SAÚDE DOS TRABALHADORES CONDUTORES DE TRANSPORTE
DOI:
https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25pPalavras-chave:
Enfermagem, Saúde do Trabalhador, TransportesResumo
INTRODUÇÃO
No trânsito a atenção do motorista deve ser ininterrupta, visando a condução segura e prevenindo riscos de acidentes de trânsito, protegendo a população no interior do veículo quanto aos demais, e a si próprio. Para garantir tal segurança é preciso dispor de condições de trabalho e saúde adequada para os condutores.
A profissão de motorista é classificada como uma tarefa de vigilância, pela necessidade de manter atenção contínua por tempo prolongado (SOARES, 2005). Neste contexto, deve ser considerado as sobrecargas do organismo humano, tendo vários fatores que interferem na qualidade de vida no trabalho, sendo estes desconhecidos ou não percebidos pelos profissionais do transporte. A integridade psicofisiológica destes trabalhadores sofre constantemente com danos que podem acarretar em agravos à saúde, estresse, aborrecimentos e insatisfações. Nesta perspectiva o presente estudo tem como objeto de pesquisa os fatores que afetam a saúde de trabalhadores condutores de transporte.
OBJETIVO
Discutir os fatores condicionantes relativos à saúde dos trabalhadores condutores de transporte.
METODOLOGIA
Pesquisa bibliográfica, com características descritivo-analíticas. Realizada através das bases de dados: BDENF, LILACS e SCIELO, através dos descritores: Saúde do Trabalhador (ST) e Transportes (T). A seleção dos artigos se deu a partir da leitura dos textos completos encontrados, tendo como critérios de inclusão ser artigos científicos completos, na língua portuguesa, além da relevância e adequação do estudo em questão. E, como critérios de exclusão, resumos, teses e publicações em língua estrangeira. Para análise dos artigos selecionados foi elaborada uma matriz evidenciando as principais idéias descritas nos artigos selecionados.
RESULTADOS
Ao refinar os dois descritores foram encontrados 15 artigos. Selecionamos quatro artigos científicos pertinentes ao objeto do estudo que abordavam as condições de trabalho e aos fatores que influenciam na qualidade de vida e saúde dos profissionais, identificados como agravantes à saúde: a influência da violência urbana no cotidiano dos profissionais de transporte; Estresse e Saúde Mental na Atividade Laboral; o uso de drogas lícitas e aspectos ergonômicos desfavoráveis.
De acordo com textos analisados, observamos que a grande problemática da atividade laboral dos motoristas está relacionada às condições de trabalho, entendendo esta como as condições ergonômicas. Atualmente a ergonomia estuda a relação do homem com seu trabalho, considerando as condições de trabalho e saúde do trabalhador para uma adaptação ideal e otimizando o rendimento, diminuição de riscos de incidentes e satisfação no trabalho.
Associando a inadequação do posto de trabalho, a falta de manutenção dos veículos de transporte, a presença de riúdos e a alta demanda física e cognitiva do trabalho entendem-se o desenvolvimento do processo saúde-doença destes profissionais. Os trabalhadores que atuam em ambiente ruidoso realizando tarefas que exijam carga mental apresentam maior chance de fadiga (PEREIRA, MIRANDA, PASSOS, 2009). Portanto, o ruído além de incomodar o trabalhador provoca fadiga, estresse e podem gerar acometimento auditivo.
No que concerne a ergonomia física, foi criada a NR 17, visando estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
Um outro fator que afeta a saúde dos condutores é a violência. Esse risco é aumentado para dos motoristas, devido contato direto com os usuários o que é um potencial ambiente para disseminação da violência, resultando em aspectos negativos, causando desconforto, insatisfação e sofrimento no trabalho. Estudos apontaram a violência como o principal estressor dos rodoviários, acometendo e interferindo em grande potencial no estado emocional e psíquico dos motoristas (BATTISTON, CRUZ, HOFFMANN, 2006).
A sobrecarga mental e os choques emocionais produzidos pelas agressões nos ambientes de trabalho geram um estresse crônico. O trabalhador noturno apresenta maior suscetibilidade devido à fadiga crônica, às condições inadequadas de alimentação, ao uso indiscriminado de drogas estimulantes à noite e de calmantes durante o dia, para poder dormir (SELL,2002).
Segundo NASCIMENTO, NASCIMENTO e SILVA (2007), o uso de substancias lícitas, como álcool e medicamentos é encontrado principalmente entre caminhoneiros e motoristas de ônibus interestaduais. O consumo abusivo acontece com intuito de reduzir o sono e manter estado de vigília, para alivio da ansiedade, ou no caso do álcool, para intermediar a sociabilidade, visto que o consumo normalmente é acentuado quando em companhia de amigos. O uso abusivo destas substâncias causa acidentes e mortes no trânsito o que torna isso um sério problema para saúde pública.
CONCLUSÃO
Os artigos analisados enfocam as condições de trabalho a que condutores estão submetidos, desencadeantes do processo saúde-doença ao ocasionar perda ou déficit auditivo, distúrbios físicos e mentais. Estes fatores interferem diretamente na qualidade de vida e saúde dos condutores.
Constatou-se que os condutores de transporte, quando submetidos aos fatores mencionados anteriormente, sofrem como conseqüências danos que podem ser irreparáveis ao estado emocional, como o estresse, a irritabilidade, a fadiga entre outros sinais e sintomas. Estes fatores interferem diretamente na qualidade de vida e saúde destes indivíduos, tornando-se um problema de saúde pública, visto que ao terem sua saúde debilitada podem ocasionar acidentes de trabalho gerando inúmeras vítimas.
REFERÊNCIAS
1. SOARES, T.C. Percepções de motoristas de ônibus intermunicipal sobre os riscos ocupacionais que possam afetar sua saúde (monografia de especialização) - Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia. CUIABÁ: UFMT, 2005. Disponível em: http://cpd1.ufmt.br/eest/index2.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=89&Itemid=99.. Acesso em: 03 jun 10.
2. SELL, I. Projeto do trabalho humano: Melhorando as condições de trabalho . Santa Catarina: Florianópolis: Ed. Da UFSC; 2002.
3. PEREIRA, C.A., MIRANDA, L.C.S, PASSOS, J.P. O estresse ocupacional da equipe de enfermagem em setor fechado. Rev. de Pesq.: cuidado é fundamental Online.2009 set/dez; 1(2) . Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/viewFile/346/331. Acesso em: 20 jun 10.
4. BATTISTON, M, CRUZ, R.M, HOFFMANN, M.H. Condições de trabalho e saúde de motoristas de transporte coletivo urbano. Estud. psicol. (Natal) [online] 2006 set/dez;11(3). Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2006000300011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 20 jun 10
5. NASCIMENTO, E.C, NASCIMENTO, E, SILVA, J.P. Uso de álcool e anfetaminas entre caminhoneiros de estrada. Rev Saúde Pública 2007 nov; 41(2):290-3.
6. Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Normas Regulamentadora 17. Dispõe sobre ergonomia. Brasília, 1978. Disponível em: < http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_17.pdf.>. Acesso em: 12 abr 10.
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