REGISTROS DE ENFERMAGEM: A MENSAGEM SOBRE O CUIDADO CONTIDA NA LINGUAGEM ESCRITA
DOI:
https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25pPalavras-chave:
Registro de enfermagem e linguagem escritaResumo
Introdução
Esta investigação foi motivada por diversas pesquisas já realizadas por estes autores, onde, a partir da análise dos dados obtidos, chegamos a conclusões surpreendentes, ou ao menos não esperadas, que foi identificar que os registros eram limitados à qualidade, quantidade e essência. Pressupomos que os enfermeiros, através da linguagem escrita, transmitem mensagens para os membros da equipe de saúde, com isso, informam em documentos, qual o estado de saúde do cliente. À medida que aprofundávamos nossas reflexões, notamos que estes utilizam uma linguagem muito particular, tal como, uma mensagem cifrada somente entendido por aqueles que compartilham o mesmo espaço de cuidar. Sendo assim definimos o objeto como: O conteúdo da linguagem escrita dos enfermeiros e as mensagens contidas nela sobre os clientes cuidados em UTI.
Objetivos
Descrever quais são as mensagens dos enfermeiros que estão contidas na linguagem escrita acerca dos clientes cuidados; Identificar qual é o conteúdo das mensagens contidas na linguagem escrita sobre clientes cuidados em UTI; e Analisar o que foi identificado como conteúdo das mensagens.
Metodologia
Trata-se de um estudo observacional, onde escolhemos o método quanti-qualitativo e da análise de conteúdo com a pretensão de descrever, caracterizar e analisar o conteúdo e a mensagem contidos nos registros sobre o cuidado de enfermagem. O estudo foi realizado em três Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital de grande porte da cidade do Rio de Janeiro, sendo ele uma instituição privada. O espaço de produção de dados foram os prontuários dos clientes, onde buscamos evoluções dos enfermeiros (textos) sobre o cuidado realizado com os clientes que compreenderam desde o momento de sua admissão até sua alta, considerando a sua condição clínica. O estudo foi realizado após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob o protocolo 138/09, levando em consideração o atendimento a Lei 196/96, mesmo que não tenham seres humanos envolvidos diretamente na pesquisa. Para coletarmos os registros dos prontuários presentes na instituição escolhida, utilizamos a forma de randomização que consiste em selecionar ao acaso, ou seja, aleatoriamente textos escritos por enfermeiros sobre as condições dos clientes e os cuidados a eles prestados. Os dados foram coletados no período de 25 de fevereiro a 07 de março de 2009. A maneira de escolha dos registros se deu da seguinte forma:
1º) Partindo do princípio de se tratar de uma instituição privada, mesmo que o cliente permaneça por longos períodos internados, seus prontuários são reduzidos quanto à quantidade de folhas referentes a sua evolução clínica devido à possibilidade de dano físico ao material. Sendo assim, parte deste é arquivado em local próprio destinado pela instituição, permanecendo evoluções referentes a até quatro dias anteriores ao presente. Ou seja, se a coleta de dado foi no dia 25 de fevereiro, provavelmente encontraremos registros de profissionais que examinaram tal cliente desde o dia 21 de fevereiro. Salvo situações onde a presença destes registros é de extrema importância, como: resultados de exames, avaliações de especialidades clínicas diferenciadas, etc. Esta foi a disposição encontrada ao manipular os prontuários.
2º) Já entendidos da escala de trabalho daquele local, sabíamos que poderíamos encontrar textos de vários enfermeiros em diversos clientes, e isso possibilitou a variação de formas de registro e mensagem transmitida, tomando por base que cada enfermeiro apresente uma maneira de realizar o cuidado de enfermagem mesmo que estes sigam o mesmo princípio. Optamos então por sortear de maneira aleatória o registro que iríamos analisar – por cada cliente. Selecionamos em três urnas: Dia do Registro (sempre de maneira que os dias de escolha compreendessem até quatro dias anteriores à presente data); Turno Analisado (Diurno ou Noturno); e Cliente de Análise (nesta urna levamos em considerações o número de leitos existentes na unidade), assim clareamos as possibilidades que tínhamos para análise.
3º) Depois de escolhidos os textos a serem analisados, o retiramos do prontuário e optamos pela fotocópia, do tipo Xérox, do texto em si. Cabe ressaltar que preservamos a identidade do cliente, do enfermeiro que registrou e também da instituição (mesmo que tenhamos consentimento para a realização do estudo na instituição).
4º) Em posse destas fotocópias, optamos por digitalizar na íntegra os textos com o intuito de facilitar a análise do material encontrado. Tentamos fazer com que esta digitalização, utilizando o programa de edição de texto Word®, retratasse fielmente o original, sendo assim, utilizamos para demonstrar os símbolos encontrados no texto, os mesmos que encontramos no editor utilizado. Não nos deparamos com nenhuma dificuldade para representar os símbolos encontrados nos originais. De posse destes materiais, iniciamos a fusão entre os dados encontrados e as bibliografias que sustentam esta dissertação de mestrado.
Resultados
Após a coleta e análise do material, definimos as categorias como: CATEGORIA 01: O comum, autorizado e decifrável nos registros como linguagem e mensagem do cuidado. Trata do que os enfermeiros observam e o que relatam a partir disto. CATEGORIA 02: O incomum, não autorizado e indecifrável nos registros como linguagem e mensagem do cuidado. Refere-se a uma linguagem cifrada, encontrada nos textos. CATEGORIA 03: O registro sobre os cuidados e condutas como linguagem e mensagem dos enfermeiros. Refere-se a como os enfermeiros trabalham com as condutas para o cuidado.
Conclusões
Concluímos que os enfermeiros não registram situações fundamentais que envolvem condutas de cuidar e não deixam transparecer uma organização processual nos registros que fazem. Os registros mostram-se reduzidos, incompletos e cifrados, denunciam uma realidade que tem sido comum nos diversos espaços onde clientes e enfermeiros se encontram. Notamos que houve uma certa homogeneidade no que interessa registrar que não espelhada o sujeito, mas a doença. As condutas para as implementações da terapêutica se voltam para a área biomédica e não para diagnósticos e intervenções de enfermagem.
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