DISCUTINDO A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO CONTEXTO DAS ENFERMARIAS DE CRISE
DOI:
https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25pKeywords:
Enfermarias de crise, reforma psiquiátrica e enfermagem psiquiátrica.Abstract
Autores: Prof.Dr° Rosâne Mello, Vanessa Curitiba Felix, Camila Schueler, Tainara Xavier Veraldo e Jéssyka Seljan.
Descritores: Enfermarias de crise, reforma psiquiátrica e enfermagem psiquiátrica.
INTRODUÇÃO
Observamos durante nossa estadia os comportamentos tanto dos pacientes, como da equipe responsável pelo setor, tendo nos chamado a atenção a realidade da assistência da enfermagem aos pacientes psiquiátricos num contexto onde já foi empregado na teoria as características da Reforma Psiquiátrica, sendo que no cenário prático desse ambiente o grupo se questionou quanto a genuína eficácia e implantação da Reforma, principalmente no setor de internação, onde o grupo ficara responsável em atuar. Então, frente esse campo de atuação que nos foi revelado, o grupo se baseou para a realização desta pesquisa.
OBJETIVOS
Este trabalho tem por sua vez, tem como objetivo analisar os princípios que norteiam a Reforma Psiquiátrica no contexto das internações psiquiátricas.
METODOLOGIA
Estudo do tipo qualitativo a partir de pesquisa bibliográfica. Realizado em um Hospital de Referência em Saúde Mental do Rio de Janeiro, pelos alunos que cursavam o 5º período da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, supervisionados pela Professora do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica. O período do Ensino Clínico compreendeu-se de 09 de novembro até 09 de dezembro de 2009, em uma enfermaria feminina com 30 pacientes de idade média de 40 anos.
DESENVOLVIMENTO
Os desafios e as contradições que se apresentam no trabalho de enfermagem em saúde mental no contexto da reforma psiquiátrica, passa-se por uma transição nesse novo cenário onde está sendo implantada cuidados humanizados, buscando a reinserção do doente mental na sociedade como um cidadão comum. Antes o cuidado hospitalar visava a contenção do comportamento dos "doentes mentais", hoje há uma incorporação de princípios novos e desconhecidos, que busca adequar-se a uma prática interdisciplinar, aberta às contingências dos sujeitos envolvidos em cada momento e em cada contexto, superando a perspectiva disciplinar de suas ações.
Há indefinição dos profissionais de enfermagem psiquiátrica sobre o seu papel nessa assistência o que provoca, muitas vezes, uma "fuga" para o desempenho de atividades burocrático-administrativas. Essa é a "identidade possível" para esses profissionais que vivenciam uma prática marcada pela indefinição de seu papel. Apesar de que, a literatura especializada diga que a enfermagem psiquiátrica tem o papel "agente terapêutico, cujo objetivo fundamental é auxiliar o paciente a aceitar a si próprio e a melhorar as suas relações pessoais", o trabalho efetivo dos enfermeiros centra-se, principalmente, no desenvolvimento de atividades burocrático-administrativas.
Mas a realidade de um enfermeiro psiquiátrico mostra um cenário completamente diferente do papel de agente terapêutico tão citado na literatura, onde o verdadeiro papel exercido nos serviços extra-hospitalares de saúde mental pelos enfermeiros, caracteriza-se pelo gerenciamento intermediário que organiza e facilita o trabalho de toda a equipe. E, entre todos os profissionais da equipe, são aqueles que menos realizam atendimentos diretos à clientela e a sua prática.
Uma das constatações sobre a atuação dos profissionais de enfermagem em saúde mental e a inserção da assistência de enfermagem no contexto atual de mudanças políticas, caracterizadas pela Reforma Psiquiátrica, aponta que a maioria dos enfermeiros não se sente preparada para atuar em Enfermagem Psiquiátrica ou Saúde Mental e não está adequadamente informada sobre as mudanças políticas que vêm ocorrendo na área. Principalmente quando se leva em consideração o quão é difícil assistir um paciente que apresente um quadro crônico, onde surgem os questionamentos de como, quando, quais os programas e oficinas a serem trabalhados com esses usuários.
Dentro do setor de internação, onde a assistência é integral, o papel e desempenho do enfermeiro junto aos pacientes mentais é de extrema importância, para que a implantação de cuidados e ações que caracterizam a Reforma Psiquiátrica seja realizada de forma correta, com uma assistência de qualidade, principalmente com o objetivo de levar um bem-estar no cotidiano desse portador de doenças mentais.
O enfermeiro é, potencialmente, importante agente de mudança; entretanto, essa potencialidade estará diretamente relacionada ao grau de consciência desses trabalhadores. Quanto mais consciente de sua condição pessoal e social, de seu papel de trabalhador inserido num contexto social e de cidadão num sistema político, mais preparado estará para usar instrumentos de trabalho que visem o resgate dessa mesma condição de sujeito-cidadão às pessoas com transtornos mentais.
CONCLUSÃO
Os preconceitos sociais ainda são muito excludentes às pessoas portadoras de algum transtorno mental. Para confirmar esta afirmativa, uma dissertação sobre o espaço de cuidados para o doente mental, no hospital geral, registra a dificuldade da convivência do paciente psiquiátrico junto aos outros.
Existem idéias para que haja a inserção de uma enfermaria psiquiátrica no ambiente de um hospital geral, porém ainda é só uma idéia, pois o preconceito de muitos evita sua concretização.
É necessário que se tenha a integração do trabalho de vários profissionais para que haja um ótimo funcionamento deste ambiente e não é possível se obter um bom trabalho se não há interação entre as partes envolvidas e se estas também não souberem seu exato papel.
Segundo a dissertação citada, as análises sobre o trabalho em equipe mostram que a enfermagem ainda prioriza problemas físicos e clínicos dos pacientes, observações e manutenção do ambiente terapêutico da enfermaria não entendendo bem seu papel na assistência psiquiátrica. A atuação do enfermeiro encaixa-se principalmente no inter-relacionamento pessoal e no estabelecimento da relação de ajuda e de aconselhamento psicológico terapêutico enfermeiro-paciente.
REFERÊNCIAS
DESVIAT, Manuel. A Reforma Psiquiátrica. Rio de Janeiro, FIO CRUZ, 2002. 87-98p. A Nova Cronicidade e os Programas Alternativos,(Cap.5).
TOWNSEND, Mary C. Enfermagem Psiquiátrica – Conceitos e Cuidados. GUANABARA KOOGAN, 2002 .
FERNANDES, Josicelia; OLIVEIRA, Rita; FERNANDES, Juliana. Cidadania e qualidade de vida dos portadores de transtornos psiquiátricos: Contradições e racionalidades. Revista Esc. Enfermagem USP, São Paulo, 28 maio 2003. p. 37-38.
CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA, Rio de Janeiro: Fio Cruz, vol.11 n.3, setembro 1995.
REVISTA DE PSIQUIATRIA CLÍNICA, São Paulo: USP, vol.36 n.4, junho 2009.
REVISTA LATINO-AMERICANA DE ENFERMAGEM, São Paulo, USP, vol.11 n.3, maio 2003.
GONÇALVES, Alda; SENA, Roseni. A Reforma Psiquiátrica no Brasil: Contextualização e Reflexos Sobre o Cuidado do Doente Mental na Família, Revista Latino-Americana de Enfermagem, São Paulo. 9 março 2001.
KYRILLOS NETO, Fuad. Reforma Psiquiátrica e Conceito de Esclarecimento: Reflexões Críticas, Mental ano 1, Barbacena, dez. 2003. p. 71-82.
MINISTÉRIO DA SAÚDE, Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde Mental no Brasil, Conferência Regional e Reforma dos Serviços de Saúde Mental, Brasília, Nov. 2005.
SUS Rede Humaniza. Disponível em:
Acesso em: 30 nov. 2009.
SOARES, Holgonsi. A Importância da Autonomia. Publicado no jornal “A Razão” em jun. 1998. Disponível em: Acesso em: 28 nov. 2009.
Downloads
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
TRANSFER AGREEMENT COPYRIGHT I transfer copyright of the article to the Journal of Care Survey is Fundamental - Online - RPCF, so it is accepted due to electronic publishing. The copyright includes the right to reproduce in whole or in part by any means, distributing that article, including figures, photographs, and any translations. The author can also print and distribute copies of your article, stating that since the rights belong to RPCF. I declare that this manuscript is original and has not been submitted for publication, in whole or in part to other online journals or not, so BMMC in the Annals of scientific events or book chapters.