ESPECIALIZAÇÃO E GÊNERO: “A PREFERÊNCIA PELAS MULHERES” PARA O CURSO DE VISITADORAS SOCIAIS NO DISTRITO FEDERAL (1927-1943)
DOI:
https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25pPalabras clave:
Enfermeira, História da Enfermagem, GêneroResumen
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OBJETIVOS: Os objetivos deste estudo são: Identificar os discursos da preferência feminina para a enfermagem e Analisar a exclusividade pelo gênero feminino para o curso de visitadoras sociais da EEAP.
METODOLOGIA: O estudo é de natureza histórico-social (BARROS, J. A.; 2004), descritivo é de análise bibliográfica. As fontes utilizadas até o momento foram livros e artigos científicos sobre enfermagem, história da Enfermagem e História da EEAP em publicações impressas e eletrônicas, dissertações e teses acadêmicas integrantes de acervos localizados no Rio de Janeiro. A análise busca interpretar os dados obtidos através da categoria de gênero, nas concepções de Joan Scott (1991) e Michelle Perrot (2007).
RESULTADOS: A primeira escola de enfermagem do Brasil, fundada em 1890, destinava-se à formação de enfermeiros e enfermeiras. Contudo, já na proposta de fundação são apresentadas as vantagens da mulher no exercício desta profissão. Ao longo das primeiras décadas do século XX, são apresentados vários discursos sobre a conveniência ou superioridade das características femininas na enfermagem: doçura, delicadeza, meiguice, caridade, espírito de sacrifício e sinceridade, atividade de mulheres, nas falas dos médicos e outros que incentivavam a formação da enfermagem. José Cesário de Faria Alvim (1890), Adolpho Possolo (1920); que indicam a separação entre as características do pensamento e ação objetivas masculinas (médicos) e os atributos mais subjetivos para as enfermeiras (mulheres).
CONCLUSÃO: A profissionalização da enfermagem no Brasil se iniciou indistintamente para ambos os sexos no campo da psiquiatria. Contudo, desde os seus primeiros momentos, foram enunciados discursos sobre a preferência do exercício da enfermagem por mulheres. A criação de uma seção feminina da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras em 1921 no Rio de Janeiro foi o ponto de partida para a implantação de um curso de especialização só para mulheres em 1927. Os discursos médicos sobre as características “naturais” das mulheres sustentam ideologicamente a preferência das mulheres para a enfermagem e a exclusividade destas num nível mais alto ou especializado da profissão. Este estudo demonstrou até o momento a operacionalização dos elementos constitutivos da categoria de gênero na definição de Joan Scott: gênero têm como núcleo a conexão entre relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos, e uma forma primeira de significar as relações de poder.( SCOTT,1991).
REFERÊNCIAS:
BARROS, J. D’ASSUNÇÃO. O campo da história: especialidades e abordagens. 3 ed. -Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
BRASIL. Decreto nº791, de 27 de setembro de 1890. In: Decretos do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brazil, 9º fasc., set. 1890. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1890. (BCCBB)
MOREIRA, A. A origem da enfermagem brasileira. In GEOVANINI, T. et al. História da enfermagem: versões e interpretações. 3 ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010.
PERROT, M. Minha história das mulheres. – São Paulo: Contexto, 2007.
POSSOLLO.A. Curso de Enfermeiros. Rio de Janeiro: Editora Leite Ribeiro & Murillo, 1920.
SCOTT, Joan. (1991), Gênero: uma categoria útil de análise histórica. (Tradução de Christine Rufino Dabat e Maria Betânia Ávila). Recife, SOS Corpo. (sd)
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