PERFIL DE PORTADORES DE TUBERCULOSE NO CMS DE RIO DAS OSTRAS: SUBSIDIOS PARA O CUIDAR EM ENFERMAGEM

Autores/as

  • Fabiana Divina de Brito Amorim Universidade Federal Fluminense
  • Kênia Silva Pererira UFF
  • Juliane de Andrade Rocha UFF
  • Mônica Vanessa Miguel de Andrade UFF
  • Claudia de Carvalho Dantas UFF

DOI:

https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25p

Palabras clave:

Tuberculose, Enfermagem, Perfil

Resumen

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa, inserida no Núcleo de Pesquisa em Educação e Gerência de Enfermagem (NUPEGENF) da Universidade Federal Fluminense (UFF), consiste no recorte da pesquisa intitulada “ESTRATÉGIAS TEÓRICO-OPERACIONAIS PARA O CONTROLE DA CO-INFECÇÃO TUBERCULOSE/HIV: TECNOLOGIAS DE AÇÃO NAS ESCOLAS E SERVIÇOS DE SAÚDE DA REGIÃO LITORÂNEA II”, coordenado pela Profª Drª Claudia de Carvalho Dantas, a qual teve por objeto de investigação o perfil de portadores de Tuberculose em acompanhamento em um Centro Municipal de Saúde do município de Rio das Ostras – Rio de Janeiro. Justifica-se a escolha deste objeto tendo em vista a escassez de literatura sobre a temática em questão, em especial no município de Rio das Ostras, outrossim pela oportunidade de conhecimento do perfil da clientela atendida e, desta forma, suscitar reflexões acerca de estratégias para a melhoria da qualidade da assistência para a clientela em questão. Outra justificativa reside nos altos índices da tuberculose ainda presentes na população brasileira. Segundo o Ministério da Saúde (2010) o Brasil ocupa o 18º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos de tuberculose no mundo. Vale destacar que as metas internacionais estabelecidas pela OMS e pactuadas pelo governo brasileiro são de descobrir 70% dos casos de tuberculose estimados e curá-los em 85% (BRASIL, 2010). No tocante ao cenário internacional, tuberculose foi incluída entre as prioridades da Organização Mundial de Saúde e, entre as metas do milênio, está a reduzir à metade a incidência e a mortalidade por tuberculose até 2015 e, como meta de longo prazo, eliminar a TB como problema de saúde pública até o ano 2050 (WHO, 2010).

OBJETIVO

Apresentar o perfil dos portadores de Tuberculose em acompanhamento ambulatorial no Centro Municipal de Saúde do Município de Rio das Ostras.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa em andamento, de abordagem quantitativa, de natureza descritivo-exploratória. O cenário e a fonte de coleta de dados são os prontuários de pacientes em acompanhamento no programa de Tuberculose no referido Centro de Saúde. Os dados estão sendo coletados desde o primeiro semestre de 2010, através de formulários semi-estruturados. Os instrumentos coletados foram submetidos a sucessivas leituras e analisados de acordo com o processo de categorização e estatística simples. Vale ressaltar, que tendo em vista as questões ético-legais, o presente projeto encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Medicina/Hospital Universitário Antônio Pedro sob Protocolo nº 299/09.

RESULTADOS

Até o presente momento foram analisados quarenta prontuários dos quais emergiram três categorias: o perfil social dos portadores de TB de RO em acompanhamento ambulatorial, o perfil demográfico dos portadores de TB de RO em acompanhamento ambulatorial e o perfil laboratorial  dos portadores de TB de RO em acompanhamento ambulatorial. No perfil social predominam pacientes solteiros, não tabagistas e por falta de registros nos prontuários não se pode identificar outros itens sociais, tais como: etilismo, renda familiar, total de pessoas residentes no domicilio. Verificou-se que nove pacientes concluíram o Ensino Fundamental, quatro pacientes com o Ensino Fundamental incompleto, cinco pacientes com o Ensino Médio completo e três pacientes com o Ensino Médio incompleto. No que tange ao perfil demográfico houve predominância do sexo masculino, cor branca, vinte e cinco pacientes naturais do Estado do Rio de Janeiro, três pacientes naturais de Minas Gerais, dois do Espírito Santo, um da Bahia, um de Pernambuco e um paciente natural do Rio Grande do Sul. Quanto a idade, predominou a faixa de 20 a 40 anos. Em relação ao perfil laboratorial, foi identificado a solicitação de quatro exames: Raio-X de Tórax, com vinte e oito pacientes suspeitos, Teste Tuberculínico, com doze pacientes apresentando reator forte, Baciloscopia de Escarro com vinte e sete pacientes com resultado positivo e AntiHIV, onde os quarenta prontuários analisados obtiveram resultado não reativo.

DISCUSSÕES: A meta do PNCT prevê que 1% da população do Município seja investigada através da baciloscopia direta de escarro (BRASIL, 2002). No CMS de RO trinta e três realizaram, sendo 27 pacientes com resultado positivo. A prevalência foi maior no sexo masculino o que condiz com panorama do Ministério da Saúde quanto ao sexo onde a tuberculose acomete mais os homens. A incidência entre o sexo masculino (cerca de 50 por 100 mil habitantes) é o dobro das mulheres. É importante destacar que, apesar de não ter sido encontrado paciente com co-infecção para o HIV, a incidência nos portadores de HIV é 30 vezes maior do que a taxa nacional.A baixa escolaridade também foi observada em estudo realizado na Espanha, entre detentos, onde 53,8% não obtiveram conclusão da educação primária (MARTIN; ALVAREZ; CAYLA, 2005). No estudo realizado em Pelotas, dos 152 infectados, 132 eram alfabetizados (COSTA et al, 1998); em outro estudo, na cidade de Piripiri, no Piauí, 68,4% dos pacientes eram analfabetos (MASCARENHAS, ARAÚJO; GOMES, 2005). Quanto a variável idade em rio das ostras os casos de tuberculose analisados apareceram entre 20 a 40 anos. não havendo diferenças significativas entre as faixas etárias. No Brasil, observou-se maior incidência no grupo etário com mais de 30 anos, com 91-97/100.000 habitantes em 1991, e 84-89/100.000 habitantes no ano de 1996 (CHAIMOWICZ, 2001). Em estudo realizado em Brasília, Distrito Federal, no período de 1985 a 1992, totalizando 2990 pacientes com tuberculose, 549 deles tinham mais de 50 anos de idade (KUSANO, 1995). Foi realizada uma progressão para os próximos 50 anos, prevendo que a tuberculose terá aumento entre os idosos, e que seus índices passariam de 5 para 14 % no cenário nacional (BRAGA et al, 2005; WHO (2004).

CONCLUSÃO

Com base na análise dos dados, conclui-se que o perfil de pacientes em atendimento no Centro Municipal de Rio das Ostras encontra-se dentro das especificidades quando comparado ao perfil da patologia no cenário nacional. Cabe ressaltar que possíveis limitações, no tocante a especificidades do perfil encontrado, atribue-se a dificuldade do registro de informações buscadas nos prontuários apreciados. Cabe a enfermagem buscar estratégias para sensibilização da equipe de saúde quanto ao registro completo da assistência prestada ao paciente nos prontuários. Desta forma será possível a utilização do prontuário como documento legal, como fonte de pesquisa e base para auditoria em saúde, outrossim reflexões sobre a qualidade da assistência prestada visando a melhoria dos serviços e investimentos na saúde da população atendida. Como estratégias para o atendimento da população investigada, conforme perfil emergido da análise dos prontuários estão a construção de material didático para ser entregue a população, quando das consultas de enfermagem, durante período de tratamento e salas de espera visando a educação em saúde conforme faixa etária e nível de escolaridade encontrado.

REFERENCIAS

BRAGA, EC et al. Tuberculosis, reemerging pathology: Incidence and associated factors. Rev Soc Bra Clin Med, São Paulo, n2, v1, p.1-5, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual técnico para o controle da tuberculose. Disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica.pdf. Acesso em: 01 ago 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT). Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=31101.  Acesso em: 01 ago. 2010.

CHAIMOWICZ, F. Age transition of tuberculosis incidence and mortality in Brazil. Rev Saude Publica, São Paulo, n 35, v1, p.81-7, 2001.

COSTA, JSD et al. Controle Epidemiológico da Tuberculose na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil: adesão ao tratamento. Cad Saúde Pública, São Paulo, n14, v2, p. 409-15, 1998.

KUSANO, MSE. Estudo comparativo entre tuberculosos não infectados e infectados pelo HIV, no Distrito Federal. Rev Bras Enferm, Rio de Janeiro, n19, v1, p41-54, 1995.

MARTIN,  S.V; ALVAREZ, GF; CAYLA, JA. Predictive factors of Mycobacterium tuberculosis infection and pulmonary tuberculosis in prisoners. Int J Epidemiol, sineloco, n24, v3, p630-637, 2005.

MASCARENHAS, MDM; ARAÚJO, LM; GOMES, KRO. Perfil epidemiológico da tuberculose entre casos notificados no Município de Piripiri, Estado do Piauí, Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Piauí, n14, v1, p. 7-14, 2005.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). A world free off TB. Disponível em: http://www.who.int/tb/en/index.html. Acesso em: 01 aug. 2010.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (who). Global tuberculosis control - surveillance, planning, financing. Geneva: WHO; 2004. 

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Publicado

2011-01-04

Cómo citar

1.
Amorim FD de B, Pererira KS, Rocha J de A, Andrade MVM de, Dantas C de C. PERFIL DE PORTADORES DE TUBERCULOSE NO CMS DE RIO DAS OSTRAS: SUBSIDIOS PARA O CUIDAR EM ENFERMAGEM. Rev. Pesqui. (Univ. Fed. Estado Rio J., Online) [Internet]. 4 de enero de 2011 [citado 21 de noviembre de 2024];. Disponible en: https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1116

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