USO/DEPENDÊNCIA DE DROGAS: COMPREENSÃO DOS DISCENTES ATRAVÉS DA COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL
DOI:
https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25pPalabras clave:
Enfermagem, Promoção da Saúde, Dependência Química, Linguagem não-verbal.Resumen
RESUMOINTRODUÇÃO
O estudo em tela apresenta como objeto a elucidação dos discentes sobre o uso/dependência de drogas a partir de uma apresentação teatral não verbal. Este estudo é parte de um projeto maior desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Álcool e outras Drogas (GEPAD) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LOPES et al., 2009). Consumir drogas é uma prática humana, milenar e universal. Não existe sociedade que não tenha recorrido ao seu uso, em todos os tempos, com finalidades mais diversas. Em função das características inerentes à adolescência, práticas que atendam às necessidades peculiares deste ciclo da vida devem ser cuidadosamente selecionadas e desenvolvidas, especialmente aquelas que propiciem, por exemplo, a participação dos sujeitos adolescentes, a convivência com pares, relações mais horizontalizadas entre jovens e adultos e atividades que valorizem a auto-estima, a afirmação, a intelectualização, a fantasia, a ação e a expressão de sentimentos (RAMOS; PEREIRA; ROCHA, 2010). Existem algumas dificuldades de alcançar o público jovem quando se trata do assunto álcool e drogas, devido ao estímulo presente no meio social em que vivem e uma propaganda maciça em torno, principalmente, das drogas lícitas. Ampliar a participação dos adolescentes em atividades relacionadas a estas temáticas é o primeiro passo para que conheçam e explorem esse conteúdo. O estudo pretende contribuir para uma aproximação dos estudantes com o tema drogas produzindo a reflexão e a discussão sobre o assunto. Esta forma de abordagem pedagógica permite buscar, mediante a imersão dos estudantes na temática, além da reflexão, o conhecimento adquirido a partir de suas próprias vivências e experiências.
OBJETIVOS
1) Identificar a percepção dos estudantes sobre o uso/dependência de drogas a partir de uma peça teatral; 2) Descrever a compreensão dos estudantes sobre as conseqüências do uso/abuso de drogas e sua relação com a vida cotidiana; 3) Analisar as reflexões que a peça teatral produziu nos estudantes a respeito do uso/dependência de drogas.
METODOLOGIA
Optamos pela abordagem qualitativa de natureza descritiva. O estudo qualitativo se desenvolve naturalmente, sendo rico em dados descritivos, focando a realidade de forma contextualizada e complexa, tendo um plano aberto e flexível (LUDKE; ANDRÉ, 1998). Os dados foram coletados durante atividade realizada com 111 alunos do 6° ano do ensino fundamental do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues Silveira (CAP/UERJ). A estratégia pedagógica partiu da apresentação teatral não-verbal executada pela Guarda Municipal do Rio de Janeiro e após a dinâmica, os alunos escreveram suas percepções sobre a atividade lúdica. Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da UERJ, sob o protocolo n°. 015.3.2008, sendo autorizada sua aplicabilidade pelo diretor do Instituto, contando com o apoio de professores que participaram da realização dos encontros. De acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde em relação a pesquisas com seres humanos, elaborou-se um termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assinado pelos responsáveis dos estudantes. Os dados foram tratados a partir da análise de conteúdo temática proposta por Bardin (2004).
RESULTADOS
Os resultados evidenciaram 3 categorias que foram discutidas separadamente. A primeira categoria nomeada A dependência das drogas e sua visibilidade abarca discursos sobre o uso incontrolado de drogas, a apreensão de como se tem o primeiro contato com as drogas, a facilidade de ingressar no vicio, o entendimento das consequências negativas do uso descontrolado das drogas, a importância da apresentação para visualizar os efeitos nocivos que as drogas causam na vida das pessoas. A segunda categoria é Relação da dependência das drogas e as consequências no cotidiano, aborda questões relativas ao vicio dos usuários com as drogas, à dependência como algo não determinado pelos sujeitos, à dificuldade de procurar e aceitar tratamento, a convivência conflituosa com familiares, efeitos nocivos do uso de drogas no organismo, nas relações familiares e com amigos. A terceira categoria denominada Reflexões discentes acerca da apresentação lúdica não-verbal, traz em seus conteúdos as perdas que o individuo tem em sua vida quando faz uso dependente de drogas, a dificuldade de largar o vicio e aceitar a dependência, a inconsciência trazida por alguns indivíduos sobre o seu uso, a morte causada pelas drogas e a conscientização de não usar drogas e transmitir esse aprendizado a outras pessoas. A atuação do grupo teatral com o uso da linguagem não-verbal no âmbito do 6ª ano pode delinear ações comuns que uniu o ensino e privilegiou uma aprendizagem motivadora, comunicando-se de forma ampla com os discentes, conforme o encontrado nos depoimentos após a apresentação e analisado nos resultados. Percebe-se que os discentes conseguem identificar através da dinâmica mais objetivamente como ocorre o contato com as drogas, através de amigos que tentam influenciar as atitudes dos outros, ou no convívio cotidiano com pessoas intencionadas a buscarem mais dependentes de drogas. Também compreendem como é difícil a convivência do usuário consigo mesmo diante dos problemas enfrentados pela dependência e com as pessoas a sua volta pela tentativa, muitas vezes frustrada, de ajudar o usuário a deixar o vicio. Ainda trazem contribuições de situações que ocorrem na realidade quando vivenciam a manutenção do vicio, se submetendo a furtos, combinações com outras drogas, violência, dentre outras. E, por fim, mostram uma reflexão sobre o papel das drogas na vida pessoal e familiar de indivíduos dependentes e dentro da sociedade gerando custos e causando diversos transtornos.
CONCLUSÃO
Entende-se que este tipo de estratégia auxilia na apreensão de conteúdos complexos como o fenômeno das drogas na promoção da saúde e prevenção de riscos para os adolescentes discentes. A partir do exposto, este estudo se desenvolveu interagindo a realidade vivida pelos sujeitos e suas experiências com a temática, produzindo conhecimento científico e delineando uma nova perspectiva para análise da linguagem não-verbal como agente facilitador no processo ensino-aprendizagem, por meio da atuação do grupo teatral no que concerne ao seu uso em atividades pedagógicas. Infere-se que é possível utilizar-se deste recurso para mediar as discussões com adolescentes sobre a prevenção ao uso de drogas e tornam-se necessários maiores investimentos neste campo de pesquisa e extensão.
REFERÊNCIAS
1) RAMOS, F.R.S; PEREIRA, S.M.; ROCHA, C.R.M. Viver e adolescer com qualidade. Disponível em: <http://www.abennacional.org.br/revista/cap1.2.html>. Acesso em: 14 jul. 2010.
2) LOPES, G.T. et al. Álcool no espaço da escola fundamental e o enfermeiro: desafios na promoção da saúde e prevenção de riscos. Projeto de Pesquisa apoiado pelo CNPQ e financiado pela FAPRJ. Rio de Janeiro, Faculdade de Enfermagem da UERJ, 2009.
3) LUDKE, M., ANDRÈ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas, São Paulo, EPU,1998.
4) BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004Descargas
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