VIOLÊNCIA FÍSICA NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS: A VISÃO DOS ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM E SERVIÇO SOCIAL.
DOI:
https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25pPalavras-chave:
violência, infância e educaçãoResumo
CONSIDERAÇÕES INICIAIS: A violência nem sempre é fácil de ser percebida, gera dor, sofrimento e seus impactos podem ser vistos sob várias formas. Muitos não sabem como é alto o custo de uma violência, além do que já foi perdido, como a integridade de um ser, perde-se milhões dos cofres públicos com assistência à saúde. Assim o uso da violência na educação de crianças se tornou um tema relevante já que se trata de um problema de saúde pública.
OBJETO DE ESTUDO: A percepção dos acadêmicos de Enfermagem (Enf) e Serviço Social (SSO) da UERJ quanto à violência física como forma de educar crianças.
OBJETIVOS: a) identificar a visão dos acadêmicos de ambos os cursos a cerca da violência como forma de educar crianças; b) relacionar divergências e/ou convergências de opinião entre os dois grupos.
METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo e exploratório com abordagem qualitativa. A pesquisa teve como cenários a Faculdade de Enf e de SSO da UERJ. Foram entrevistados 7 alunos pertencentes a Faculdade de Enf e 7 pertencentes a Faculdade de SSO. Totalizando 14 entrevistas. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se uma entrevista qualitativa semi-estruturada por meio de um roteiro.
RESULTADOS: Durante a análise foram identificadas unidades de registros que foram agrupadas em temas e deram origem às subcategorias e categorias. Constatou-se que de um modo geral as visões dos acadêmicos de Enfermagem e Serviço Social eram semelhantes e confluíram para três categorias: Educação Familiar; Contexto Familiar, Social, Cultural e Econômico e Formação Acadêmica do Enfermeiro e do Assistente Social. Nas entrevistas de acadêmicos da Faculdade de Enfermagem, a primeira categoria caracterizada como Educação Familiar foram registrados 91 URs (17,50%) sendo dividida em 2 subcategorias, a saber Tipos de Educação de Crianças 72URs (13,85%) e Educação dos Pais 19URs (3,65%). Na segunda categoria denominada Contexto Familiar, Social Cultural e Econômico foram encontradas 354 URs (68,08%) apresentadas em 6 subcategorias: Dinâmica Social 28URs (5,38%), Características da Infância 19URs (3,65%), Dinâmica Familiar 109URs (20,96%), Vivências de Violência 102URs (19,62%), Repercussões da Violência 46URs (8,85%) e Tipologia da Violência 50URs (9,62%). A terceira categoria foi Formação Acadêmica do Enfermeiro e do Assistente Social acerca da temática, não houve necessidade de subdividí-la em subcategorias tendo sido agrupadas 75 URs (14,42%), nesta categoria.
Na Faculdade de Serviço Social na primeira categoria Educação Familiar registramos 89 URs (20,27%) que foi dividida em 2 subcategorias, a saber Tipos de Educação de Crianças 54 URs (12,30%) e Educação dos Pais 35 URs (7,97%). A segunda categoria caracterizada como Contexto Familiar, Social Cultural e Econômico na qual registramos 304 URs (69,25%), apresentada em 6 subcategorias: Dinâmica Social 35URs (7,97%), Características da Infância 15 URs (3,42%), Dinâmica Familiar 104URs (23,69%), Vivências de Violência 51URs (11,62%), Repercussões da Violência 48URs (10,93%) e Tipologia da Violência 51URs (11,62%). A terceira categoria foi Formação Acadêmica do Enfermeiro e do Assistente Social acerca da temática agrupando-se 46 URs (10,48%). Durante a análise constatou-se uma quase unanimidade no que se refere a necessidade de uma educação livre de violência, porem varias divergências quanto à melhor forma de educar. Foram encontradas contradições que são explicadas pelas diferenças nas estratégias curriculares de cada curso. Percersebeu-se algumas dificuldades por parte dos acadêmicos de tratar do tema, quando relacionado a sua própria historia de vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Discutir o tema violência tanto em Enfermagem quanto em Serviço Social, na Atenção à Saúde da Criança representa um grande desafio, pois é necessário sair do lugar comum, de tratar a violência como assunto meramente teórico e distante da nossa realidade, para buscar a sensibilização dos alunos juntamente com um aprofundamento científico. Diante de todo processo de análise das entrevistas notou-se por parte dos entrevistados de ambos os cursos uma similaridade de opiniões em todas as respostas e com isso emergiram categorias e subcategorias iguais em ambas as análises. Assim, conclui-se com esse trabalho que ambos os cursos necessitam de uma melhor abordagem acerca da temática. E sugere-se que durante os cursos de graduação em enfermagem e em Serviço Social, haja uma melhor abordagem por parte dos docentes acerca da temática educação de crianças e violência contra crianças. Podendo também haver a confecção de cursos que não só abranjam o ambiente universitário, mas também toda a população que são ou um dia serão pais.
REFERÊNCIAS:
ATENÇÃO INTEGRAL ÀS DOENÇAS PREVALENTES DA INFÂNCIA, AIDPI. Detecção e Prevenção de Maus-Tratos na Infância no Marco da Atenção Integrada às Doenças Prevalentes da Infância. Módulo de capacitação. Adaptação para o Brasil: set. 2006. Disponível em: <http://www.ippmg.org.br/pdf/AIDPI.pdf> Acesso em: 13/10/2009 às 17h00min.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2000.
BRASIL, CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Lei 8.069 de 13.07.90. Estatuto da Criança e do adolescente. Rio de Janeiro,2008, p.10,12 e 84.
______, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES 3/2001. Diário Oficial da União. Brasília, 9 de novembro de 2001. Seção 1, p. 37. Disponível em: . Acesso em: 13/10/2009 às 08h34min.
BRÊTAS, J.R.S.; SILVA, C.V.; QUIRINO, M.D.; RIBEIRO, C.A.; KURASHIMA, A.Y.; MEIRA, A.O.S. O Enfermeiro frente à criança vitimizada. São Paulo: Editora Acta Paul.Enf., V.7, n.1, p.03-10, jan/mar, 1994.
CUNHA, J. M.; GONÇALVES, F. G. A.; SIMÕES, D. C. de C.; CARMO, D. A.; SOUZA, V. M. A violência física na infância de estudantes de enfermagem. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto. Anais do 47º Congresso Científico do HUPE “Saúde da Família”, p. 159-160, Ano 8 – Suplemento 2009.
DESLANDES, S. F. Atenção à criança e adolescentes vítimas de violência doméstica: análise de um serviço. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro. 1994; 10 (supl. 1); p.177-187.
______, S. F.; ASSIS, S. G.; GOMES, R.; NJAINE, K.; CONSTANTINO, P. Livro das Famílias: Conversando sobre a vida e sobre os filhos. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde - Sociedade Brasileira de Pediatria, 2005.
FIGUEIRA, A. C.; SOUZA, I. C. N.; RIOS, V. G.; BENGUIGUI, Y. Manual para o desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI. Atenção Integral às Doenças Prevalentes da Infância, Organização Panamericana de Saúde e Organização Mundial de Saúde, 2005.
HARPER, K.; HORNO, P.; MARTIM, F.; NILSON, M. Erradicando o Castigo Físico e Humilhante Contra a Criança: Manual de Ação. Ed.: Save the Children, Suécia . Aliança Internacional Save the Children, 2005.
KRUG, E. G. et al.,eds. World report on violence and health. Geneva: World Health Organization, 2002.
POLIT, D.F.; BECK, HUNGLER, B.P. Fundamentos de Enfermagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004.
VIEIRA, G. Dói mais do que você pensa. Disponível em: <www.naobataeduque.com.br>. Acesso em: 07/04/2010 às 03h50min.
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
TERMO DE TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS
Transfiro os direitos autorais deste artigo para a Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental - Online - RPCF, assim que ele for aceito para a devida publicação eletrônica. Os direitos de autor incluem o direito de reproduzir na íntegra ou em parte por qualquer meio, distribuir o referido artigo, incluindo figuras, fotografias, bem como as eventuais traduções. O autor pode ainda, imprimir e distribuir cópias do seu artigo, desde que mencione que os direitos pertencem a RPCF. Declaro que este manuscrito é original, não tendo sido submetido à publicação, na íntegra ou em partes para outros periódicos online ou não, assim cmmo em Anais de eventos científicos ou capítulos de livros.