TRANSPLANTE DE FIGADO NO CEARÁ: CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ATENDIDA EM 2007
DOI:
https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25pPalavras-chave:
Perfil epidemiológico, transplantes, hepatopatiasResumo
INTRODUÇÂO: O transplante significa a cirurgia realizada em pacientes com problema grave e irreversível em um órgão ou tecido que recebe outro saudável de um doador vivo ou com morte encefálica.(PEREIRA,2003) É considerada a cirurgia mais complexa da medicina moderna (MIES,1998), devido as suas peculiaridades com relação à técnica em si e aos cuidados pós-operatórios que exigem a adesão a um plano terapêutico em longo prazo, o acompanhamento multiprofissional contínuo e o uso de medicações imunossupressoras. A história do transplante no Brasil teve início na década de 60, quando houve em 1964 o primeiro transplante de rim, no Rio de Janeiro. A partir daí o transplante renal foi se desenvolvendo paulatinamente enquanto que o dos demais órgãos foi suspenso e só retornou na década de 80. Em 1985, ocorreu o primeiro transplante de fígado com êxito no Hospital das Clínicas de São Paulo e, anos depois, outros centros em Belo Horizonte, Porto Alegre, São Paulo, Campinas, Curitiba e Rio de janeiro iniciaram seus programas (GARCIA, 2006; GARCIA et al, 2005).O Ceará tem destaque no país em relação aos transplantes de rim e fígado, sendo atualmente uma referencia nas regiões Norte e nordeste para estes tipos de cirurgias(BRASIL,2006). A história do transplante de fígado no Ceará teve inicio em maio de 2002 e atualmente já foram computados mais de 400 transplantes no estado. Estes números têm demonstrado o aumento constante da demanda por este tipo de cirurgia no estado bem como a complexidade dos pacientes que é cada vez maior.O transplante hepático é um procedimento indicado na presença de hepatopatia aguda ou crônica com sério comprometimento do paciente cuja solução não seja possível com tratamento clínico, desde que não haja contra-indicação(MASSAROLLO;KURCGANT,2000)OBJETIVO: Traçar o perfil epidemiológico dos pacientes submetidos a transplante hepático no estado do Ceará em 2007. METODOLOGIA:Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, do tipo retrospectivo. A pesquisa quantitativa é um método de pesquisa social na qual se faz uso de técnicas estatísticas. (Polit e col,2004) O estudo foi realizado em uma UTI pós-cirúrgica de um hospital público quaternário da rede federal do estado do Ceará. A população foi constituída de todos os pacientes que realizaram transplante hepático entre os anos de 2002 a 2007 e a amostra foi composta por 62 pacientes submetidos a transplante hepático no ano de 2007. A coleta de dados ocorreu no mês de abril de 2009 através de formulários preenchidos por meio de registros existentes na unidade pós-operatória considerando como determinantes do perfil epidemiológico as seguintes variáveis: sexo, procedência, diagnóstico médico, taxa de mortalidade e idade. Os resultados foram apresentados em forma de gráficos e tabelas, com discussão e análise relacionando-as à literatura pertinente. Os aspectos éticos e legais foram respeitados conforme a Resolução 196/96 que rege a legislação de pesquisa em seres humanos.RESULTADOS: Os resultados demonstraram que dos 62 pacientes submetidos a transplante hepático, 79% eram do sexo masculino e 11% do sexo feminino. As idades variaram de 7 a 66 anos; 78,8% procedentes da região nordeste. A cirrose alcoólica foi a hepatopatia de maior freqüência (17,7%). A taxa de mortalidade foi de 21%. CONCLUSÔES: Conclui-se que o número de transplantes ainda é pequeno considerando-se uma média de 5,1 transplantes por mês, número que ainda não consegue atender a demanda de pacientes que é cada vez maior, o que leva muitos deles a morrer na fila de espera por um órgão. Este fato é preocupante, se considerarmos que o referido serviço atende pessoas de toda a região Norte e Nordeste do país, sendo um referencia. A maioria dos pacientes é do sexo masculino, com faixa etária acima de 50 anos que tem como principal etiologia a cirrose alcoólica, ou seja, uma doença crônica, que pode levar a um nível de incapacidade física, invalidez e até a morte, constituindo-se, portanto, num grave problema de saúde pública. Esta causa mais prevalente na amostra poderia ser reduzida se houvesse maiores investimentos em saúde preventiva para população, envolvendo campanhas educativas, medidas de apoio social para redução do abuso de álcool entre outras medidas que poderiam reduzir substancialmente os custos com esta terapêutica. Dessa forma, acredita-se que se faz necessário não só a conscientização da população quanto à doação de órgãos para aumentar o número de transplantes, como também um investimento em longo prazo em medidas de prevenção, desta forma, o número de pessoas que necessitam de um fígado por causa preveníveis poderiam ser bastante reduzido. Por outro lado, é importante que a população conheça o que é o transplante, como ele ocorre, que fundamentação legal o subsidia para que haja uma maior confiança neste procedimento, que é tão importante para aqueles que se encontram na fila de espera por um órgão.
REFERENCIAS:
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GARCIA,V.D. A política de transplantes no Brasil.Revista da AMRIGS,Porto Alegre,50(4): 313-320 Out-dez,2006
MASSAROLLO,M.C.K.B;KURCGANT,P. O vivencial dos enfermeiros no programa de transplante de fígado de um hospital público.Rev.latino-am.Enfermagem 2000; 8(4):66-72.
MIES,S.Transplante de fígado.Rev.Ass.Med. Brasil,v.44,n.2,p.127-34,1998.
PEREIRA, W. A. (Coord.) I Reunião de diretrizes para captação e retirada de múltiplos órgãos e tecidos da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos. Campos de Jordão, SP, 28 a 30 de março de 2003.
POLIT, D. F.; BECK, C. T.; HUNGLER, B. P. Fundamentos da pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização. 5ª Ed. Porto Alegre: Artmed; 2004.
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