A HUMANIZAÇÃO NO CUIDADO DE ENFERMAGEM AO CLIENTE PORTADOR DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
DOI:
https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25pPalavras-chave:
relações interpessoais, cuidados de enfermagem, nefrologiaResumo
UNITERMOS: relações interpessoais, cuidados de enfermagem, nefrologia
INTRODUÇÃO
O interesse pela temática surgiu a partir da assistência prestada ao portador de Insuficiência renal crônica (IRC), nos cenários da prática hospitalar, durante a graduação de enfermagem, e pela vivência de uma das autoras como bolsista de enfermagem em uma instituição privada que tem como característica o atendimento a esta clientela em específico, quando passamos a questionar como a patologia afeta o convívio social do portador e de que forma encaravam a sua nova condição.
A IRC ocorre quando a perda da capacidade dos rins de desempenhar suas funções se torna irreversível, e deste modo como qualquer doença crônica envolve, muitas vezes, dificuldades para os clientes quanto à adesão ao tratamento, mudanças no estilo de vida, adaptação no contexto familiar e social e, necessidade de hospitalização, acredita-se que o enfermeiro possui um papel essencial, como membro da equipe de saúde, no cuidado necessário à manutenção da saúde do mesmo. Para tanto, é importante o conhecimento científico sobre a assistência de enfermagem ao cliente com doença renal crônica, mas, tão essencial quanto às ferramentas práticas da assistência do enfermeiro está o cuidado humanizado ao cliente.
OBJETIVO
Identificar os aspectos da humanização presentes no cuidado de enfermagem ao cliente portador de Insuficiência Renal Crônica, em uma clínica especializada em nefrologia, situada no município de Duque de Caxias/Rio de Janeiro.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, que teve como cenário uma clínica privada especializada em nefrologia, situada no município de Duque de Caxias /RJ. Foram eleitos sujeitos do estudo 15 clientes, com faixa etária compreendida entre 23 e 73 anos, de ambos os sexos, todos portadores de IRC, sendo este o único critério estabelecido para inclusão dos sujeitos, com tempo de tratamento variando entre 01 a 17 anos, todos se encontravam no cenário do estudo realizando sessões de hemodiálise. A coleta de dados foi realizada por meio de uma entrevista estruturada, após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIGRANRIO sob o nº de protocolo 0072.0.317.000-09, bem como assinatura dos sujeitos no Termos de Consentimento Livre e Esclarecido. Cabe ressaltar que, a fim de manter o anonimato dos entrevistados a eles foram atribuídos codinomes. Para a análise dos dados utilizamos categorias temáticas, buscando encontrar núcleos dos sentidos na expressão dos sujeitos, onde a freqüência da aparição pôde dar significado ao objetivo proposto.
RESULTADOS
Emergiram dos discursos duas categorias de análise: Os aspectos da humanização no diagnóstico e cuidado prestado ao portador de IRC - alguns entrevistados relataram que no momento do diagnóstico não possuíam qualquer conhecimento sobre a doença, três expressaram tristeza ao receber a notícia, e cinco apresentaram-se indiferente, por já se encontrarem anteriormente em tratamento de uma doença crônica, referenciando-se a hipertensão arterial. Quando interrogados sobre a forma como lhe foi dada à notícia a maioria considerou o profissional indiferente.
A partir destes apontamentos, destacamos a necessidade de reflexão sobre o agir do profissional de saúde ao dar uma notícia que certamente trará impactos e mudanças na vida do cliente, o mesmo, com certeza deve ser empático, paciente, verdadeiro e oferecer apoio emocional, respondendo a todos os questionamentos necessários para sanar as dúvidas, sem ser técnico ao extremo ou usar, do contrário, a fuga da verdade com a qual o cliente e sua família irão vivenciar. Estas percepções reforçam a afirmação de Waldow (1998) de que os profissionais agem como se pudessem substituir o corpo e o toque, parecendo não ser mais necessário o afago, o aperto de mão, o apoio e suporte, ou mesmo o olhar carinhoso do cuidador.
A atuação da equipe de enfermagem como provedora do cuidado humanizado durante as sessões de hemodiálise - os relatos demonstram que a enfermagem se preocupa com o bem estar físico e psíquico do cliente, atuando com prontidão no decorrer do tratamento dialítico, apenas dois clientes relataram insatisfação com a atuação da enfermagem. Enquanto profissionais, devemos nos preocupar com a qualidade desse atendimento, compreendendo que ao cuidar dos doentes nos projetamos nas expectativas do outro e nas suas necessidades, e não nas nossas. Devido à sobrecarga e ao estresse que a enfermagem enfrenta dentro do seu trabalho pode não apresentar uma comunicação satisfatória com as pessoas submetidas aos seus cuidados, passando assim a tratá-las como se fossem objetos e não sujeitos, esquecendo-se da humanização que perpassa o cuidar do outro, pois são pessoas possuidoras de sentimentos e opiniões próprias. Com ênfase na humanização e saúde, ambos, enfermagem e cliente, se beneficiariam, pois tanto a enfermagem torna o seu trabalho mais prazeroso e gratificante, quanto o cliente obtém mais segurança em ter no cuidador alguém que possa confiar. A enfermagem deve buscar conhecer o cliente de forma que haja, constantemente, o diálogo entre ambos, pois a comunicação permite maior conhecimento no que diz respeito aos sentimentos, emoções, e opiniões sobre o outro, proporcionando um relacionamento que favoreça a diminuição da ansiedade do cliente enfermo, pois o fato de estar fisicamente debilitado, com o sistema imunológico provavelmente comprometido, faz com que o paciente se senta fragilizado e solitário.
CONCLUSÃO
Acreditamos que, o que mais reflete o nosso cuidar é a forma como os clientes perceberam a atuação da equipe de enfermagem, quando expressam que fora realizada de forma sensível ao seu sofrimento. Apesar das dificuldades que o enfermeiro encontra para prestar a assistência adequada ao cliente, o profissional não deve esquecer a sua essência que é o cuidar, independente da falta de recursos e pessoal, mostrando-se humano no cuidado Esperamos que este estudo contribua para estimular o enfermeiro a descobrir cada vez mais sua profissão como uma missão de vida e exercê-la como uma arte, que deve ser trabalhada todos os dias dentro de si para que o cotidiano não nos faça perder o entusiasmo, a paixão e amor pelo ser humano e pela profissão.
REFERÊNCIAS
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