A RELAÇÃO INTERSUBJETIVA NO CUIDAR DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL – COMPETENCIA PARA O CUIDADO EM SAUDE MENTAL.
DOI:
https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25pPalabras clave:
cuidado, saúde mental, enfermagemResumen
INTRODUÇÃO:
De acordo com OLIVEIRA (2005) a relação intersubjetiva enquanto competência para o cuidado de enfermagem em saúde mental pode ser entendida pela filosofia do diálogo como fato antropológico fundamental ao buscar resposta ao seu questionamento sobre o que é o homem. Ao colocá-lo na categoria de “entre” faz com que este seja descoberto quando está na relação essencial.
Podemos ainda entender por MOSCOVICI (2008) que a competência interpessoal é a habilidade e lidar de forma efetiva com as relações intersubjetivas, de lidar com outras pessoas de forma adequada às necessidades de cada uma e às exigências da situação, capacidade esta que pode ser desenvolvida.
Neste sentido, o processo de cuidar requer do Ser Enfermeiro muito mais do que conhecimentos das normas, técnicas e rotinas; exige deste a aptidão para sentir, perceber, valorizar, conhecer e saber comunicar.
No cuidado em saúde mental, a competência da relação intersubjetiva ocorre através da utilização suprema de tecnologia leve conforme a classificação de Merhy, onde esta se caracteriza como um processo de produção da comunicação, das relações, dos vínculos; uma vez que relacionamentos interpessoais, sofrimentos angústias, compaixão, solidariedade, entre outros, afeta o corpo e a mente.
OBJETIVO:
Contextualizar a relação intersubjetiva enquanto competência para para cuidado do enfermeiro em saúde mental.
METODOLOGIA:
Estudo desenvolvido por dois critérios básicos, que foram propostos e relacionados aos fins descritivos. Por meio da pesquisa documental a coleta de dados e análise do estudo ocorreu a partir de material documentado pelos atores do estudo. Analisados 21 (vinte e um) manuscritos em questão discursiva, elaborados em prova teórica para seleção pública docente na área de enfermagem saúde mental e psiquiátrica, constando do seguinte item: As competências e disponibilidades e as ações individuais para o cuidado ampliado em saúde mental. Para análise do material foi empregado a analise textual dos registros encontrados nas provas escritas que foram agrupados em unidade significados semelhantes e saturação em categorias. As categorias foram apresentadas utilizando análise de conteúdo.
Pesquisa documental é a que se realiza com base em documentos guardados em órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas: registros, atas, anais, regulamentos, circulares, ofícios, memorandos, balanços, comunicações informais, filmes, microfilmes, fotografias, vídeos, disquetes, diários, cartas pessoais etc. (TOBAR, 2001).
RESULTADOS:
Os documentos analisados revelaram sub-categorias para a competência destacada como a relação intersubjetiva do cuidado de enfermagem em saúde mental que trazem os aspectos que a constituem diante dos indicativos abaixo.
Receber informações do sujeito valorizando corpo, mente e vida social: Esta indicação demonstra a preocupação dos especialistas em atribuir o valor do aspecto bio-psico-social ao sujeito através do processo de comunicação e exigindo, com isso, do profissional sensibilidade para captar na fala do outro suas necessidades por meio de uma relação pré-estabelecida pela escuta sensível.
Outro indicativo para competência do cuidado do enfermeiro em saúde mental que este estudo apresenta está relacionado a: buscar o sujeito (do cuidado) e sua subjetividade, a luz de sua história de vida, identificar os múltiplos aspectos psicossociais, econômicos, biológicos, políticos, culturais, familiares, espirituais e outros relacionados a sua atual condição de vida.
O enfermeiro deverá apresentar as competências para que a história de vida e de adoecimento do sujeito de seu cuidado esteja intrinsecamente relacionado com a subjetividade em campos da vida que não somente o cuidado corporal.
Outro indicativo para as competências deste cuidado de enfermagem em saude mental relaciona ao: estar atento ao sofrimento psíquico do sujeito, observando suas queixas no que diz respeito ás suas tristezas, dificuldades de adaptação à situação de vida, faixa-etária, doenças e perdas. O profissional através de sua relação de ajuda precisa, junto ao cliente, discutir (principalmente ouvir) a situação de forma tal que esta fique mais clara. Isso requêr ter disponibilidade interna para o exercício da autoconscientização para o trabalho em saúde mental. O relacionamento interpessoal promove mudanças, é provocador e afeta (no sentido de mobilizar afetos também) ambos os lados. O efeito transformador é mútuo.
Reforça que o enfermeiro precisa ter a compreensão dinâmica da saúde/doença mental enquanto processo, o que vai possibilitar uma reflexão crítica dos enfermeiros com vistas a se inserir neste modelo de cuidar em saúde mental, que não é pronto e acabado e nem cabe na bandeja contendo. É um processo que precisa ser inventado e reinventado no dia a dia em conjunto com o sujeito que está sendo cuidado, o que implica para o enfermeiro adquirir competência e ter disponibilidade interna de desenvolver ações individuais de cuidado buscando o crescimento do sujeito que sofre psiquicamente.
O indicativo referente a: Valorizar idéias trazidas pelos membros da equipe, respeitando e ouvindo cada profissional independente de sua formação. Requer do enfermeiro disponibilidade para o trabalho coletivo e a busca de criar e recriar tecnologias de cuidado em saúde mental que traduza o crescimento do grupo em ações pautadas em múltiplas visões de mundo, que coadune com a proposta e projeto terapêutico de cada sujeito de cuidado.
Quando o enfermeiro desperta o seu entendimento a cerca do cuidado ampliado em saude mental ele estará no indicativo da competência de um cuidado mais amplo em saúde mental, não voltando somente para o sofrimento psíquico do indivíduo, mas outras conseqüências que sua doença pode acarretar naquele momento. Neste contexto, deve-se trabalhar não só a auto-estima e o auto cuidado, mas também sua vida social e relacionamento interpessoal para que o indivíduo possa reestruturar-se pessoal e socialmente. Entender que o cuidado ampliado em saúde mental deve considerar, que ele, quase nunca se estabelece a priori, pois a comunicação e o relacionamento efetivo do enfermeiro com a pessoa em sofrimento psíquico, se estabelecerá a partir do entendimento da fala e da atitude do paciente.
CONCLUSÃO:
Neste estudo documental o contexto em que se apresenta a análise dos manuscritos referentes a questão analisada sobre: as competências e disponibilidades e as ações individuais para o cuidado ampliado em saúde mental, os especialistas entendem que há que se contextualizar a relação intersubjetiva enquanto competência para para cuidado do enfermeiro em saúde mental.
E para que esta se estabeleça no campo do cuidado de enfermagem em saude mental, requer que as informações, o corpo, a mente do sujeito (objeto do cuidado) e sua subjetividade estejam intrinsecamente presentes no cuidado cotidiano.
A vida social, biografia e os aspectos da vida espiritual, e de relações possam também estar presentes nesta competência, dinamizando as relações de adaptação do cuidado ao sujeito no campo da saude mental.
O cuidado de Enfermagem assume uma visão de valorização do ser humano como um todo, não apenas do corpo físico, mas de seus sentimentos e de sua história, atingindo a idéia, impregnada nos discursos acadêmicos, de humanização e holística através da intersubjetividade onde informações são transmitidas pela linguagem escrita, oral ou corporal. Desta forma, a partir da visão de cuidado ampliado na saúde mental ocorre uma nova concepção de comunicação, como um processo, que exige do profissional flexibilidade e respeito às diferenças.
Tendo em vista que cada paciente possui comportamentos específicos e diferentes maneiras de pensar e agir, entendemos, por meio deste estudo, a Intersubjetividade no Cuidar como uma maneira de evidenciar a preocupação da Enfermagem com o ser humano em sua complexidade, limitações, potencialidades, necessidades e relações interpessoais; ou seja, uma tecnologia, um instrumento de cuidado centrado na pessoa permitindo através de uma análise o entendimento das experiências de vida do paciente, crescimento pessoal, e o desenvolvimento de habilidades para ajudar no enfrentamento do sofrimento físico ou psíquico.
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