A TRANSIÇÃO DE MODELOS EM SAÚDE MENTAL EM NÚMEROS, A REFORMA PSIQUIÁTRICA E AS DEMANDAS DE DISPOSITIVOS SUBSTITUTIVOS: UM DESAFIO PARA A ENFERMAGEM

Autores

  • JAQUELINE DA SILVA EEAN/UFRJ
  • EMILIANE CUNHA FERREIRA IPUB/UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25p

Palavras-chave:

saúde mental, enfermagem, desinstitucionalização

Resumo

 

INTRODUÇÃO: A reforma psiquiátrica compreendida como um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais que ocorre no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações interpessoais. Trata-se de um processo que avança, marcado por impasses, tensões, conflitos e desafios (Martines e Silva, 2007, p. 01). Com o processo de desinstitucionalização algumas mudanças na atenção ao portador de doença mental foram realizadas com o intuito de atender aos preceitos da reforma psiquiátrica. Dentre os desafios da reforma, encontramos a redução no número de leitos psiquiátricos, a criação de novos dispositivos substitutivos do modelo hospitalar e um desafio em particular para a enfermagem em saúde mental.

OBJETIVOS: Este trabalho tem como objetivo demonstrar as mudanças ocorridas em relação ao número de leitos psiquiátricos no período de 2002-2010, e quais são os números de serviços substitutivos disponíveis neste momento.

METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa quantitativa, a coleta de dados foi realizada através da análise documental em bases de dados de domínio público do Ministério da Saúde/Brasil com utilização do DATASUS.

RESULTADOS: De acordo com o DATASUS (Brasil, 2005, 2009, 2010) o número de leitos psiquiátricos ocupados em 2002 era de 51.393 e com o processo de desinstitucionalização em 2009 passou para 35.426. Quanto ao número de serviços substitutivos até o mês de junho de 2010, estes somavam 5.831. Quanto ao percentual relativo ao número de unidades, a modalidade CAPS no período de 2002 a 2008, teve um aumento de 31%; os programas de Residências Terapêuticas tiveram um aumento de 16% e no período de 2003 a 2008 o programa De Volta Pra Casa teve um aumento de 7%. Estes números apontam dois avanços. O primeiro, uma redução em torno de 70%, de leitos psiquiátricos e o segundo, a criação de novas unidades de dispositivos substitutivos de assistência psiquiátrica em torno de 54%. Mesmo com a redução do número de leitos e aumento percentual significativo de dispositivos substitutivos, estes ainda apresentam cobertura insuficiente.

CONCLUSÕES: Concluímos que com o processo de desinstitucionalização houve uma redução no número de leitos psiquiátricos com um aumento singular dos serviços substitutivos, embora em momento de transição entre modelos o quantitativo de leitos ainda é considerado elevado de acordo com os preceitos da reforma psiquiátrica. Embora estes números comprovem a redução do número de leitos psiquiátricos o processo de desinstitucionalização não deve ser visto apenas como ato de fechamento de hospitais psiquiátricos. A desinstitucionalização é um processo complexo, que não significa apenas a desospitalização. A desospitalização tem que estar atrelada a um tempo de preparo qualificado, uma assistência de enfermagem voltada para a pessoa e a criação de possibilidades de vida, o que caracteriza uma transição com qualidade e não uma desassistência desta clientela, que está em processo de envelhecimento. 

 

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Biografia do Autor

JAQUELINE DA SILVA, EEAN/UFRJ

Enfermeira. PhD em Enfermagem Gerontológica. Pós-Doutora em Drogas. Membro da Diretoria Colegiada do Núcleo de Pesquisas em Enfermagem Hospitalar (NUPENH) do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica (DEMC) da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ

EMILIANE CUNHA FERREIRA, IPUB/UFRJ

Enfermeira. Especialista em Saúde de Mental. Suplente da Chefia de Enfermagem Instituto de Psiquiatria da Universidade do Brasil (IPUB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Preceptora do Programa Integrado de Residência Multiprofissional do IPUB/UFRJ

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Publicado

2010-11-25

Como Citar

1.
SILVA JD, FERREIRA EC. A TRANSIÇÃO DE MODELOS EM SAÚDE MENTAL EM NÚMEROS, A REFORMA PSIQUIÁTRICA E AS DEMANDAS DE DISPOSITIVOS SUBSTITUTIVOS: UM DESAFIO PARA A ENFERMAGEM. Rev. Pesqui. (Univ. Fed. Estado Rio J., Online) [Internet]. 25º de novembro de 2010 [citado 14º de novembro de 2024];. Disponível em: https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1012

Edição

Seção

Revisão Sistemática de Literatura

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